quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Rapto do Filho do Conde–fancfic para Hakushaku to Yousei–Capítulo I


“Haverá um tempo em que o Medo e a Escuridão se unirão e darão forças àquele que irá roubar a Paz do Condado de Ibrazel. Ele furtará um bem precioso e que será o gatilho de batalhas enlouquecidas e complicadas. Só haverá um casal que poderá parar o gélido torpor da Escuridão. Mas eles não podem enfrentá-lo sozinhos… Portanto, convoco desde já todos os povos: os Sereianos, os Leprechauns e os meus súditos, as Fadas e os Elfos, para que deem forças a esse casal. A guerra será árdua, mas não impossível de vencer…”
Palavras de Tytânia, a Rainha das Fadas

 
Em algum tempo do século XIX, Era Vitoriana, Londres, Inglaterra
O rapto do filho do condeA manhã estava esplendorosa e o conde Edgar Ashenbert encontrava-se sentado na varanda iniciando a sua primeira refeição. O cheiro de baunilha perfumava o ar, assim como o chá earl grey, pães, bolos, frutas, tortas e tudo mais que se possa imaginar. Mas o que dava mais água na boca eram os biscoitinhos açucarados de canela e hortelã que Lydia tinha preparado. Ele, então, esticou-se para alcançar um. Mas, a pequena tigela florida tomou “vida” e “correu” para outro lado da mesa.
- Ora, ora, brownies pensam que tudo que a Lydia cozinha é para vocês?
Além dos risos dos pequeninos seres mágicos, ele ouviu a gargalhada gostosa do seu filho de 5 anos, Aurthur, que na língua celta significava o nobre de coração. O garotinho possuía os olhos verdes como a mãe e tinha herdado a cabeleira loura do pai. Sim, podem sorrir, Edgar casou-se com Lydia. Até o enlace foram muitos beijos roubados, juras de amor ignoradas, tapas na cara, mas durante o seu convívio com Edgar, Lydia percebeu o quanto ele tinha amadurecido. Sério (ou melhor, mais ou menos sério, não é? Pois, se não fosse debochado, não seria o Edgar), compenetrado e responsável. Depois que passou por tantos apuros, o jovem finalmente assumiu inteiramente, o noblesse oblige, ou como queira, “o dever de um nobre”, a responsabilidade de cuidar de todos os habitantes do Condado de Ibrazel, assim como as nações das fadas, leprechauns e sereianos.
Rapto do filho do conde 2O casamento entre o conde e a fairy doctor trouxe vários frutos. Entre eles, a paz, a prosperidade para região e o convívio pacífico entre os seres mágicos e os habitantes do Condado. Edgar, por sua vez, teve sua sensibilidade aflorada. Agora podia ouvir, ver e conversar com os seres mágicos. Sem contar, o nascimento do pequeno garotinho que sorria roubando um biscoitinho de canela feito pela mãe.
- Edgar! Eu disse que os biscoitinhos de canela e hortelã eram para os brownies e para o Aurthur. Os de baunilha que você havia pedido estão quase prontos! Por que você é sempre tão afoito?, disse Lydia, com as bochechas avermelhadas pelo calor e os cabelos presos por um lencinho. Edgar então pensou que “mesmo quando estava brava e turrona, como podia ser tão linda?”.
Ele a enlaçou pela cintura e lhe deu um beijo. E para não perder o costume disse no seu ouvido: – Que eu saiba pelo que sou mais afoito é por você…
A jovem corou mais ainda e disse meio brava: – Edgar, por favor, não vê que nosso pequeno presta atenção em tudo?
E Lydia tinha razão. Aurthur era um menino bem esperto e muito curioso, um pouco imprudente, infelizmente, mas, com uma imensa sede de vida.
Edgar sorriu e a beijou a testa, voltou a sentar-se e falou: – Pois bem, então sente-se e vamos tomar café, oras! Você sabe que só daqui a três dias iremos nos ver. Lydia o olhou com ternura, chegou perto e deu-lhe um selinho, dizendo baixinho: – Claro, meu menino travesso.
Enquanto isso, o menininho chegou bem próximo ao pai e se aninhou no colo. Lydia sentou-se ao seu lado e ele lhe serviu um generoso pedaço de bolo, enquanto ela colocava chá em sua xícara conversando amenidades. Neste instante, Raven, o mordomo pessoal do casal, chegou à porta da varanda e anunciou que os assessores estavam à espera do conde.
- Francamente, eles não poderiam vir mais tarde, ou melhor, no horário combinado?, disse Edgar resignado. O conde então pediu a Raven que servisse chá e biscoitos aos visitantes enquanto ele terminaria seu café da manhã.
Mais tarde, Edgar partiu com os assessores para a inspeção de rotina pelo Condado. Desde que assumiu o posto de conde foi um compromisso assumido por ele: deixar suas terras na mais perfeita ordem e em segurança. Por outro lado, Lydia cuidava da parte mágica de Ibrazel, sempre honrando os compromissos assumidos como fairy doctor e condessa Cavaleiro Azul.
Edgar só ficava sossegado quando ia viajar se Lydia estivesse sob os cuidados de Nico, o gato-fada, e Raven, sem contar que também avisava o seu sogro, o Professor Carlton, sobre a sua ausência. O Professor por sua vez, vinha fazer companhia à filha, caso se os seus compromissos poderiam esperá-lo. Mas não pôde vir à casa da filha desta vez.
À noite, longe de casa, Edgar despachava alguns documentos e processos. O seu corpo pedia descanso, mas seu pensamento voou para Lydia. Como queria estar na sua casa, na sua cama, aninhado pelo longos cabelos caramelo e envolto pelo olhar doce e gentil da sua amada. Balançou a cabeça e foi chamado por um dos seus assessores. Mais tarde, na cama, sozinho, o seu pensamento novamente convergeu para sua fada. Sentiu no ar um perfume leve de camomila. Enquanto isso, do outro lado da região, Lydia abraçou o travesseiro de Edgar e suspirou. Mas sentiu uma sensação boa, uma certeza que estava tudo bem com ele. Além das longas conversas e beijos, esse tipo de comunicação também existia entre eles. Mas nunca suspeitariam que um dia ela seria mais importante do que matar as saudades ou para ser usada com perguntas e respostas silenciosas.
edgar sleepingPassou-se três dias e Edgar voltou para casa. Correu para os braços de Aurthur e Lydia. Naquela noite, mesmo cansado, entregou-se apaixonadamente à amada. Eles fizeram amor com tanta profundidade e tanta vibração que as ondas de energia cobriram todo o Condado com um véu de ternura e alegria. Mais tarde, calmos, aninharam-se lado a lado e adormeceram. As mãos entrelaçadas, as cabeças encostadas. E tudo era paz… Até que…
A Lua ia alta no céu, mas Lydia acordou com barulho surdo, estranho e um arrepio correu por toda a sua espinha. Ela vestiu a camisola e abriu a porta do quarto. Como sempre corajosa e destemida, seguiu pelo corredor escuro. Mas reparou que a porta do quarto de Aurthur estava aberta e um vento frio e úmido persistia no ar. Sentiu que seu coração iria sair pela boca. Espreitando-se pela parede, mesmo não sabendo o que iria encontrar, continuou indo em direção ao quarto do filho. Quando ela chegou ao aposento viu a janela escancarada, onde o vento balançava violentamente as cortinas, e aí ela reparou… a cama, a cama do pequeno Aurthur estava desarrumada e vazia! Sem saber o que fazer, chamou pelo filho. Andou desesperada pelo corredor, olhando cada aposento. E só pensava: “Não é possível! Não é possível!!”. Chegou no seu quarto e chacoalhou vigorosamente Edgar:
- Edgar!! Edgar!!Edgar!!!
Ele ainda meio zonzo, disse em tom jocoso: – Uau, Lydia, você me quer de novo? Gosto tanto quando você toma iniciativa…
- Edgar, não é isso! Edgar, acorde!!!
-Vamos fazer o seguinte? Vou fingir que estou dormindo, aí você me acorda de forma mais gentil e…
- Quer parar de brincar, Edgar!??!! Olhe bem pra mim!!! Edgar!!!!
O conde despertou por completo, como que Lydia tivesse uma voz de comando. Ele a encarou e pode ver o terror estampado em seus olhos.
- Edy…O Aurthur… O Aur…
- Ly, diga, o que foi?
- O Aurthur sumiu!!!
- Como assim, sumiu? Ele deve ter levantado ou está fazendo algum tipo de brincadeira!
- Querido, o Aurthur nunca conseguiria abrir aquela janela sozinho!!!!
Ele saltou da cama e vestiu-se tão rapidamente quando pôde e dirigiu-se ao quarto do filho, seguido pela esposa. Lá chegando, o rapaz deparou-se com a mesma cena. E aí, então, Lydia viu Nico, em um canto do quarto, amarrado e amordaçado e com uma carta presa entre os pelos do pescoço.
- Nico!!! Nico!! -  Lydia saiu correndo em direção ao seu fiel amigo. O gato só murmurava ajuda. Ela desenlaçou a amordaça e ele começou a falar rapidamente que haviam levado o menino e sobre uma alcateia de lobos espectrais.
Edgar então pegou a carta presa ao corpo de Nico, onde encontrava-se os dizeres: “Ao Conde Cavaleiro Azul, um assunto que muito lhe interessa!”.

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