quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Ele é um grande vilão refinado - Capítulo 1 - Volume I - Hakushaku to Yousei - Light Novel

Seja bem-vindo (a) às traduções do light novel de Hakushaku to Yousei, de Mizue Tani. Publicado entre março de 2004 a dezembro de 2013, conta com 33 volumes completos. Até agora as traduções se resumiram ao inglês. A primeira a trazê-lo para gente na língua inglesa foi a Nayla do Dearest Fairy (Earl and Fairy). Hoje, ele é também traduzido pelo pessoal do Daydream translation (hakushakutoyousei).

Agradeço desde já a oportunidade de trazer em português o light novel graças a essas garotas! Portanto, a tradução é a tradução do inglês. Meninas, muito obrigada!

Quer acompanhar sobre as postagens e outras informações de Hakushaku to Yousei? Pois bem, anote aí, temos uma página no Facebook: Hakushaku to Yousei- Fanfics - Brasil
Lá também você encontra fanfics da minha autoria, com links para as plataformas, onde estão postadas.


E antes de começar, deixo bem claro que as traduções são de uma fã fervorosa para fãs. E todos os direitos autorais reservados à Mizue Tani.



Capítulo 1 – Ele é um cavalheiro ou um canalha?

― Então, senhor Gossam. Como posso agradecer por sua hospitalidade? – perguntou o jovem magro sorrindo de forma sedutora enquanto apontava uma pistola para um senhor com uma barba cortada de modo orgulhoso.

― Pare!! Pagarei o quanto você quiser! – implorou o idoso com uma voz áspera, enquanto seu corpo encorpado tremia amarrado à cadeira.

― Que generosidade a sua. Portanto, gostaria de perguntar mais uma coisa. Onde posso conseguir a legendária Estrela de Merrow em safira?

― Isso é apenas uma lenda! Uma história! Isso não existe. – respondeu o idoso cujo nome era Gossam.

O jovem recuou e, ainda com pistola na mão, examinou lentamente o quarto.

― Eu tinha um cenário especial para essa ocasião, mas você não é capaz de me proporcioná-lo.

Gossam estava amarrado a uma cadeira larga e branca do laboratório.  Eles estavam em uma sala que era usada pelo doutor em Psicologia. A sala era mobiliada por um armário com vários vasilhames que continham cérebros humanos. Durante todo esse tempo, foi Gossam foi o único que olhava para seus seres humanos amarrados a essa cadeira, mas agora o jogo tinha virado. Este jovem era sua próxima experiência, no entanto, agora, ele tinha uma arma na mão e passeava os dedos nos bisturis que estavam em cima da mesa.

Gossam não sabia nada sobre o passado desse jovem e o comprou pensando que ele era mais um inútil e indesejável rato da sociedade. Gossam não conhecia os antecedentes ocultos do rapaz. Os gestos desse jovem eram graciosos mesmo que seus cabelos brilhantes não estivessem penteados e suas roupas que vestia eram esfarrapadas, ainda assim todos os seus movimentos eram elegantes, como quando seus longos dedos deslizavam pelos vasilhames e andava lentamente pela sala. Ele parou e virou-se para enfrentar Gossam com um olhar perturbador e silencioso que o fez afundar na cadeira com o seu ar superior.

Ele não era apenas um rato de esgoto. O que estava na frente de Gossam era um predador poderoso que finalmente foi capaz de mostrar o que letalidade. Essa criatura verificou o quanto a sua presa era fraca e começou a andar lentamente em volta de Gossam. E levantou novamente a sua pistola. Ele lhe deu um sorriso perfeito que ninguém resistiria, mas fez Gossam tremer de desespero.

Com um inglês requintado, o jovem disse para Gossam com uma voz sombria como a própria morte:

― Senhor, preciso partir em breve. É lamentável que a Estrela de Merrow não exista.  E presumo que esta será a última vez que irei vê-lo. – Ele colocou o dedo no gatilho.

― Espere! Espere! – gritou Gossam.

Não foi o medo da morte que fez com que Gossam confessasse o que sabia. Era um sentimento nefasto, algo como depois da morte, o diabo estivesse escondido neste homem, fosse atrás e o fizesse ter certeza que cairia nas profundezas do inferno.

― O único que saberia se essa joia é realmente uma lenda ou não é um fairy doctor. Desde que, bem..., dizem que as fadas são os únicos seres que têm a chave para esse tipo de coisa. Portanto, apenas um especialista será capaz de encontrá-la.

― Um especialista em fadas? Caso seja um impostor espiritual, não há muitos aqui em Londres?

―... A demanda por fairy doctors tem se esgotado ultimamente. Apenas alguns deles permanecem nos arredores da Escócia e País de Gales. Mas, todos eles são muito velhos ou com um pé na cova. Óbvio que os poucos que acreditam em fadas, hoje em dia, são as crianças.

― Mas, você está dizendo que o conhecimento que precisamos é apenas para crianças?

― Sim! Quando se trata de merrows, duendes, silkies, ou seja lá o que for, elas são as únicas que saberiam se eles realmente existem! Quem mais faria isso? No entanto, é um fairy doctor que sabe de tudo quando nos referimos às fadas.

― Pois então, quem é qualificado para esta caça ao tesouro? Você mesmo disse que a maioria pertence ao passado, mas irei respeitá-lo já que lidou com isso e encontrou alguém, um fairy doctor, perfeito para este trabalho, estou certo?

Gossam percebeu que o jovem podia notar que ele sabia, e por isso, cedeu.

― Sim, eu encontrei um. Em uma cidade perto de Edimburgo na Escócia.

O jovem suspirou profundamente como estivesse ouvindo a voz de uma amante de longa data, e mostrou seu sorriso radiante enquanto escutava. Vagarosamente, a pistola foi abaixada e Gossam respirou aliviado.  Contudo, naquele momento, daquele escuro laboratório, um tirou ecoou pela noite.

*****

Quaisquer questões são bem-vindas
Lydia Carlton, fairy doctor.

Uma placa pendurada na frente de uma casa, a qual continha uma mensagem, convidava o transeuntes rirem novamente.

― Mamãe, as fadas realmente existem? – perguntou um garoto enquanto caminhava com a sua mãe.

― Isso é apenas um conto de fadas. É claro que elas não existem!

― Não! Elas são reais! – interrompeu Lydia, que saiu saltitando detrás do arbusto onde se encontrava a placa, assustando a mãe e o filho enquanto conversavam. 

― As fadas são reais, mesmo que você não tenha visto uma. Como prova, antes de dormir, coloque uma xícara de leite perto do peitoril da janela e, em seguida, os brownies irão visitá-los.

Ela sorriu para o garoto. No entanto, a mãe agarrou o braço da criança e o puxou para estrada. Depois, ela lançou um olhar para Lydia e sumiu de vista.

Lydia observou mãe e filho se afastarem quando apoiou a sua mão sobre a cabeça, imaginou que ela seria chamada de “louca” ou “anormal”.

― Lydia, não adianta, não importa quantas vezes você repita, alguém que nunca viu fadas, jamais irá vê-las. Os céticos não acreditariam nisso, mesmo que tivessem suas cabeças acertadas por uma delas. Então, deixe estar e relaxe. – disse um gato de longos pelos cinza, que descansava em um ramo de árvore.

Este gato, que podia falar e andar sobre suas duas patas traseiras, era amigo de Lydia. Ele usava uma gravata que o deixava peculiar sobre a pelagem que estava bem cuidada, mas ao ficar de pé, coçando a barriga, aos olhos de Lydia, ele não passava um velho gato de terno.

― Ei, Nico, você acha que há alguma maneira que as pessoas entendam o trabalho de uma fairy doctor?

― Isso é pedir demais. A época em que os fairy doctor estavam em todos os lugares e eram solicitados para resolver problemas que envolviam fadas foi há muito tempo atrás. Estamos na metade do século XIX agora.

― Mas, isso não significa que as fadas se foram. Elas ainda vivem ao lado das pessoas fazendo coisas boas e ruins.  Você não acha estranho que todos ignorem? Só porque eles não podem ver, não significa que elas não existem?

Justamente quando ela tinha a atenção dele sobre a sua fala, ouviu uma voz hesitante atrás do arbusto.

― Perdoe-me... uh... Entrega do correio. – disse um amedrontado jovem carteiro enquanto entregava o envelope sobre o arbusto.

Seu gato, que podia desaparecer à vontade, já tinha ido. Será que para ele parecia que estava falando sozinha?

― Eu não estava falando sozinha. Um gato estava aqui agora há pouco. – Lydia tentou disfarçar um comportamento que parecia conturbado, mas o carteiro esboçou um sorriso amarelo para ela.

― Não! Eu quero disser ele não é um gato normal. Ele pode falar! – não importava o seu esforço, isso só a fez parecer mais lunática. Além disso, ela percebeu que algumas fadas brownies se divertiam enquanto mergulhavam na bolsa do carteiro. Ela não conseguiu se contar e berrou:

― Parem com isso! O que estão fazendo? Parem de jogar as cartas no chão!

Quando os brownies se dispersaram, a bolsa, que estava cheia de cartas, fez com vários delas voassem para o chão. 

― Sinto muito! Os brownies são terríveis brincalhões.

Ela ajudou a recolher os envelopes e os entregou para o carteiro. O carteiro as aceitou de modo cauteloso e partiu em disparada pela estrada.

― E lá vai eu de novo! – ela disse, deixando escapar um suspiro desapontado.

De qualquer maneira, Lydia era conhecida como a estranha Carlton e não tinha amigos humanos. Isso porque, ela não tentava esconder o fato que podia ver e conversar com as fadas.

Ao se perceber como e se tornar uma fairy doctor, Lydia quis usar sua habilidade para ajudar as pessoas, no entanto, neste ponto todas as suas tentativas foram fracassadas.

― Ora, ora, não chore só porque você assustou o novo carteiro. – disse Nico.

Ela entrou em casa e o viu sentado no sofá folheando o jornal.

― É tudo culpa sua e você sabe! – replicou Lydia muito brava.

Não é que ela gostava do carteiro, era apenas que avistou algumas jovens da cidade, que se encontravam na mesma idade que ela, conversando com ele num bate-papo animado e agradável. Naquela cidade rural, que quase não tinha nada de novo, apenas a chegada de um jovem era suficiente para as garotas ficassem empolgadas.

O que Lydia esperava era que uma pessoa que não soubesse sobre seus rumores pudesse surgir a chance de conversar normalmente como fossem pessoas comuns, mas agora ela se mostrou como uma aberração.

Lydia não se importava que os outros não a entendessem ou de se sentir sozinha. Quando era pequena e conforme crescia, as fadas eram suas amigas de brincadeiras, além de brigarem com ela. Porém, neste momento, tinha dezessete anos, uma idade próxima para se casar.

Se ela continuasse a assustar os solteiros, isto se tornaria um sério problema para ela naqueles tempos.

― Hum... parece que há um criminoso à solta. – disse Nico mudando de assunto enquanto lia o jornal.

Ela queria mostrar aos habitantes da cidade a visão de um gato sentado no sofá como um humano, cruzando as pernas ao mesmo tempo em que segurava o jornal com as patas dianteiras. Dessa forma, eles entenderiam que ainda havia muitas coisas inexplicáveis no mundo.

― A residência de um psicólogo, mister Gossam, foi arrombada por um assaltante que provocou ferimentos graves no proprietário da casa. Em seguida, roubou uma grande soma de dinheiro, e atualmente está à solta.

― Oh, meu Deus! Por que um crime em Londres está no jornal da cidade?

― Porque ele fugiu. Além disso, o filho da vítima está à sua procura e disponibiliza uma recompensa. Diz que o ladrão se assemelha a um serial killer que matou uma centena de pessoas na América. Sua idade é cerca de vinte anos e seu cabelo louro...

Uma foto assustadora do homem estava impressa no jornal, mas, além disso, Lydia notou algo mais importante – a carta tinha acabado de ser entregue.

― Olhe, Nico! Uma carta de meu pai. Diz que deveria ir a Londres. Ele quer passar a Páscoa comigo.

― Isso é raro! E nem é mesmo Natal.

O pai de Lydia era o único remanescente da família, professor em Minerologia e atualmente lecionava em uma universidade de Londres.

Há um bom tempo em que ela não recebia uma carta do pai, que adorava estudar e acreditava que seu dever como gemólogo era pesquisar e classificar todas as espécies e as criaturas da natureza, ficava tão absorto em seus estudos que gastava seu tempo livre coletando e procurando pedras.

― Você vai? Londres é um local perigoso.

― Isso é verdade. Mas não há o que se preocupar, pois mesmo que encontre um ladrão, não sou rica o suficiente para roubar.

*****
A mãe de Lydia era uma fairy doctor. Antes que a sua mãe casasse com seu pai, ela morava em uma ilha ao norte e auxiliava as pessoas da cidade com problemas relacionados com as fadas. Apesar de já ter passado um bom tempo da era medieval, viveu uma vida não tão diferente daquela época.

Mas isso foi há apenas vinte anos. Embora as ilhas fizessem parte do imenso império europeu e cada uma ainda mantinha suas próprias culturas locais, Lydia nunca tinha visitado a terra natal de sua mãe. Ao se casar com seu pai, que era um estrangeiro, ela sabia que sua mãe tinha deixado a ilha. Mesmo que Lydia visitasse, ela não seria bem-vinda. Lembrava muito pouco de sua mãe, que faleceu quando ela era muito jovem, mas, surpreendentemente,  ainda recodarva das histórias que contava.

Conhecia as diferentes espécies e características das fadas, assim como as regras de cada tipo, como comunicar e negociar com elas, este foi o presente que Lydia recebeu de sua mãe.

É por isso que, assim como a sua mãe, ela queria se tornar uma grande fairy doctor. Ela não queria se envergonhar ou esconder que podia ver as fadas. Ela não se importava de ser chamada de excêntrica. Enquanto existissem as fadas, teria certeza que havia pessoas que precisavam da ajuda de um fairy doctor.

Deixando a casa da família aos cuidados do duende familiar, Lydia foi com Nico para o porto a fim de pegar um navio que a levasse para Londres, rumo à residência do pai. Ela colocou uma placa na frente da casa com os seguintes dizeres: “Temporariamente fechado!”. Embora ninguém notasse sua ausência.

Havia inúmeros barcos a vapor estacionados no píer. O chão estava coberto com bagagens de madeira empilhadas e uma agitada multidão de passageiros passava por eles. Seu plano era embarcar para o estrangeiro e dirigir-se para Londres. Nico, como fosse um gato comum, estava sentado em cima da mala de Lydia.

― Por que não anda ? Você é pesado.

― É cansativo andar com as quatro patas. – ele reclamou miando, intencionalmente como um gato. 

― Perdão, a senhorita é a miss Carlton?

Lydia parou assim que ouviu seu nome. Um estranho homem sorria para ela enquanto a cumprimentava com o chapéu.

― Como vai? Meu nome é Huxley. Sou um conhecido do seu pai.

― Hum... Então, você é colega do meu pai?

― Exatamente! Eu trabalho como seu assistente na universidade. Hoje eu vim fazer a escolta de sua filha para Londres. Já que seria muito perigoso ir sozinha para Londres, não é mesmo?

Ele falou de forma cortês e parecia que já tinha passado dos vinte anos. À primeira impressão, Lydia o viu como um cavalheiro.

― O meu pai pediu para que você me escoltasse? Bem, é um tanto abusivo fazer com que ele use de sua autoridade sobre você.

― Não há o que se preocupar. Eu vim a Edimburgo por causa dos negócios da universidade também. Mandei uma mensagem para sua residência, mas parecia que a senhorita estava ausente. Então, fiquei preocupado que nós nos perdíamos um do outro.
Lydia achou que isso era muito atencioso da parte de seu pai. Além de sua pesquisa, era um homem despreocupado, descontraído, semelhante a uma criança, alguém que não se preocupava tanto com os outros.

― Muito obrigada, mister Huxley. A propósito, como sabia que eu era uma Carlton?

― Uma senhorita viajando sozinha não passaria despercebida.

Isto era verdade. E uma jovem solteira como Lydia embarcar em um navio para o exterior não é algo comum. Além do mais, ser de uma boa condição social e viver sozinha era inimaginável para uma dama respeitável e, por isso mesmo, ela era rotulada como alguém bastante extravagante. No entanto, era inútil se preocupar, pois a empregada doméstica não queria ficar em sua casa de qualquer maneira por muito tempo. Afinal, as fadas residentes provocavam uma boa algazarra.

― Na verdade, eu só sabia que a cor do cabelo de sua filha era algo como enferrujado... Bem, eu quis dizer, castanho-avermelhado. Portanto, não tive problemas com isso.

Parecia que ele estava prestes a dizer que a cor dos seus cabelos era como ferrugem, era como o cabelo de Lydia era descrito diariamente pelas suas costas, e essa característica fez com que ela ficasse complexada, por isso ficou um pouco triste e desapontada.

E pelo fato que ele quase chegou a dizer que seu cabelo era rústico, castanho-avermelhado, pelo tipo de sua cor, a fez ela se sentir inadequada. Talvez seu pai tenha dito algo a ele. Óbvio que seu pai não percebia pequenos detalhes que as senhoras mais velhas se preocupavam, por isso era uma perda de tempo fazê-lo compreender sobre isso.
De qualquer maneira, Lydia refletiu que não havia nada que esse amável cavalheiro tivesse que se desculpar, e então sorriu. Mesmo que não fosse alguém que elogiava seu cabelo particularmente muito bem, neste ponto, mister Huxley a considerava uma garota normal. Por esta razão que ele o tratava como uma dama, e isso deveria ser o suficiente.

Mas, se ela mencionasse o assunto fadas, será que mudaria a sua atitude? Isso era algo que não podia deixar de ficar curiosa. Talvez ele não mostrasse nenhuma diferença em sua expressão, mas definitivamente pensaria que ela era estranha. E antecipando isso, Lydia sempre mantinha distância entre ela e os outros.

Não importa que os outros achem, eu sempre serei eu, pensou e se recompôs, entregando-lhe a bagagem. Ele ergueu a mala com facilidade, que era bastante pesada para Lydia, e começou a conduzi-la ao caminho, mas Nico sussurrou a ela para depois pular para debaixo da mala.

― Ei, você vai confiar nele? Certamente, é muito estranho que o professor tenha preparado isso, mesmo que seja por nossa causa, não acha?

― Então, qual seria seu propósito em nos encontrar? Se ele quisesse sequestrar alguém, com certeza, teria alvejado alguém mais endinheirado, não é? Mesmo se nós fôssemos seu alvo, nossas economias são usadas por papai, que é o tipo que gasta tudo com as suas pesquisas.

Nico ainda parecia discordar, mas talvez não pudesse ter uma boa razão para Lydia mudasse de ideia, por isso, ficou em silêncio. E não havia razão para se preocupar, Huxley se dirigiu diretamente para o barco a vapor o qual Lydia embarcaria de qualquer modo.
O único evento inesperado foi depois que ela entrou no quarto.

― Hum, meu bilhete não dá direito para um quarto tão agradável. – murmurou Lydia surpresa. O quarto para onde foi levada era bastante espaçoso, bem mobiliado e parecia caro.

― Sim, mas está tudo bem. O professor tinha este quarto especialmente reservado. Então, sinta-se para usá-lo. Estarei no quarto ao lado, então, se houver qualquer coisa que você precise, por favor, me avise. – explicou Huxley e saiu da local.

No final, parecia que não havia nada perigoso para se preocupar.

― Veja, Nico, você está se afligindo demais. – disse Lydia se jogando na cama luxuosa e espaçosa. -  Parece que ainda há tempo até a partida.

Assim que ela sussurrou isso, ouviu um barulho estranho vindo do canto do quarto.

― O quê?

O barulho parecia vir de armário, então, ela se levantou e caminhou lentamente na ponta dos pés em direção a ele. Quando estava à frente de suas portas de madeira, ela estendeu as mãos com toda bravura e as abriu.

Vazio.

Assim que ela suspirou de alívio, sentiu o ar se mover atrás dela. Uma figura saiu das sombras da cortina, cobriu a boca de Lydia, enquanto a agarrava por trás. Ela tentou lutar com todas as forças, mas não conseguiu se mexer.

Nico sibilou ao intruso com os pelos das suas costas ouriçados, mas era apenas um gato. Inútil.

― Ajude-me. Eu lhe imploro... – sussurrou o estranho no ouvido de Lydia.

Ajude-me? É isso que quero dizer!, ela pensou, ainda resistindo.

― Por favor, ouça-me calmamente. Esse homem... O homem que te trouxe até aqui é membro de uma gangue criminosa. Se você ficar aqui, ficará em grande perigo.

Surpreendentemente, a voz masculina era tranquila e fluía de modo gracioso de seus lábios.

Espere! Huxley é um vilão?

Quando Lydia relaxou, o intruso entendeu que ela não iria gritar e soltou a sua boca. Mas, ainda ele a mantinha presa.

― O que você quer dizer?  Quem é você?

― Fui capturado por aquele homem e confinado. Consegui escapar e estava escondido neste quarto. Então, esse homem te trouxe aqui. Ele provavelmente saberá que eu escapei. Mas, você estará em perigo também. É por isso que preciso de sua ajuda.

― Não faz o mínimo sentido.

― Não há tempo. Precisamos escapar antes que o navio saia do porto. Vou explicar tudo mais tarde. Só preciso dizer que precisa confiar em mim.


Lydia foi finalmente libertada e se virou para encará-lo.

Ele era um homem delgado. Seus cabelos castanhos estavam ondulados e desajeitados e havia uma barba cerrada em sua face, mas se reparasse além de suas roupas puídas, seu rosto revelava que era muito jovem, por volta de vinte anos. Era óbvio que estava em estado desleixado, mas, misteriosamente, seu rosto ainda refletia uma atrativa fascinação. Seus olhos estavam fixamente focados em Lydia, seus olhos malva-acinzentados a zangava e confundia.

― Se você for pego de novo, o que eles fariam com você?

― Vou ser morto.

As marcas de sangue pisado provocadas por uma corda eram assustadoras e muito mais convincentes do que suas palavras. Havia até algumas marcas em seu pescoço, como uma faca pressionada sobre a pele.

― Você notou que este quarto se localiza no final do corredor? Huxley bem pode ser seu pseudônimo, mas ao menos que você passe pela porta do quarto desse homem, você não poderá ir a lugar nenhum. Ao fazer isso, ele planejou de confiná-la aqui. Se você quiser sair, seus companheiros que o acompanham ficarão de olho em você. Eles são uma irmandade de oito pessoas, sendo que seis estão aqui no navio, um é mais musculoso e forte do que outro, um grupo usar a força. Huxley é o mais velho e eles são uma gangue de foras da lei.

Ele silenciosamente se aproximou da porta.

― Mesmo que você saísse furtivamente, há um cordão amarrado à maçaneta. Assim que você girá-la, isso irá notificá-los, que estão no quarto ao lado. Provavelmente lhe drogariam e te deixariam no próximo porto.

Olhando mais de perto, havia uma corda brilhante, fina e transparente conectada à maçaneta da porta. Aquilo tudo era o que ela precisava. Não havia a necessidade de um assistente universitário, que dissesse que seu pai havia pedido para fazer tal coisa.

Lydia cruzou os braços em frente ao homem.

― Então, como podemos sair daqui?
*****
Lydia respirou fundo quando se encontrava diante da porta do quarto de Huxley. Desde que ela abriu a porta do seu quarto, Huxley já deveria saber que ela saiu para o corredor. Poderia até mesmo encostar a orelha para ouvi-la.

Então, ela bateu na porta à sua frente. Depois de um breve momento, Huxley colocou a cabeça para fora.

― Oh, parece que está com problemas, senhorita Lydia.

― Bem, estou ouvindo ruídos estranhos no meu quarto. Como se houvesse algo escondido no armário... Realmente, é algo assustador. Você poderia, por favor, verificar isso?
Sua expressão mudou sutilmente. Huxley virou o pescoço para dentro do quarto, provavelmente para os companheiros que estavam com ele.

― Ei! Ele está aí no quarto ao lado! Tenho certeza disso!

Oh, por favor, pode ter certeza disso!Eles deveriam pensar que Lydia estivesse desconfiada sobre a aparição súbita de um seus companheiros e a frase “está certo”.

― Senhorita, pode ser criminoso. Isto poderá se tornar preocupante. Por favor, fique aqui!

No quarto, incluindo Huxley, havia de fato seis homens de aparência robusta. Após, assisti-los entrarem cautelosamente no quarto de Lydia, o jovem, que estava escondido atrás de um pilar de um corredor, passou pela frente da porta.

― Vamos!

Ele tomou a mão dela como fosse algo natural, e Lydia foi forçada a segui-lo, enquanto ele começou a correr.

― Nico, você está me seguindo?

Nico, que aparentemente estava invisível, respondeu mostrando a ponta de sua cauda como fosse uma onda.

― Ei! Eles escaparam! Os dois ouviram o grito de um homem. Parece que eles foram rapidamente notados, e Lydia sentiu que o jovem agarrou sua mão de modo mais forte e eles continuaram a correr. Desceram um lance de escadas. 

Assim que desciam, um dos homens pulou a grade do convés e fincou os pés no chão atrás deles. O comparsa dele agarrou sua bolsa, o que fez Lydia soltar um grito assim que foi puxada para trás. O jovem que a conduzia saltou ao redor dela e deu um pontapé nele de tal forma que o fez sair do chão.

Ainda segurando a bagagem de Lydia, o homem bateu na grade do convés e com isso, rolasse e caísse no oceano.

― Minha bolsa!

― Não olhe para trás!

A mão de Lydia foi puxada de novo, o que a deixou sem opções, a não ser segui-lo. Passaram pelo convés, desceram outro lance de escadas, desceram a prancha, e finalmente saíram do navio. Mas, ainda ele não parou, e se apressou empurrando a multidão que se concentrava no cais. Mesmo quando ela estava sem fôlego, e seus pulmões se contraindo de dor, Lydia se concentrou desesperadamente em se manter com ele. Quando finalmente pararam, os dois caíram no chão. Ela ofegou para obter o máximo de ar possível, e assim, acalmar o seu coração que batia freneticamente. No momento em que ela sentiu seus pulmões relaxarem, Lydia notou que o chão em que ela descansava era suave e macio como um travesseiro.

Eu não posso acreditar como este carpete é suave, pensou.

Levanto a cabeça e lentamente observou o local à sua volta. O quarto em que eles estavam parecia o interior de um castelo, com móveis caros, pesados e peças de arte elaboradas e Nic Nacs.

― Onde estamos?

― Em um navio.

Ao lado dela, o jovem ainda respirava pesado, deitado de costas e com olhos fechados. A janela revelava como cenário o oceano. Ela também podia ver o cais.

Eles se encontravam dentro de um navio, sem dúvida, e em uma cabine completamente diferente em comparação ao que ela estava. Ela, gradualmente, se preocupou que poderiam ser repreendidos por entrar neste um quarto especial, sem permissão.

― Com licença, mas nós...

― Desculpe, mas deixe-me descansar um pouco... Passei do meu limite...

Murmurou as últimas palavras e fechou os olhos. Não importava quantas vezes, Lydia o tentou acordá-lo, ele não respondia. Era como ele tivesse perdido os sentidos.

Não havia nada que ela pudesse fazer, então, se levantou. Não conseguiu conciliar nada, além do interior do quarto. Havia uma espaçosa sala de estar, três câmaras com camas, um escritório, uma sala de banho e chuveiro.

Incrível! Quem poderia imaginar que tal quarto poderia estar em um navio?

Ela não saiu do quarto porque não queria que a tripulação do navio a encontrasse, e pelo medo que Huxley e seus homens estivessem procurando por eles.

― Isso é cheiro de peixe! – era a voz de Nico. Ele o olhou como fosse um grande quadro pendurado na parede, contraindo seus bigodes.

― Quem é esse homem?

― Quem sabe? Mas, ele nos salvou de sermos trapaceados.

― Eu não sei. Podemos ser trapaceados por ele.

Será que podemos?. Os músculos de Lydia ficaram tensos e tremiam. No entanto, não havia dúvida que Huxley era suspeito. Como se um assistente que trabalhasse na universidade precisasse de tantos guarda-costas reunidos em uma mesma sala.

― Acho que devemos ouvir a versão dele. – disse, sentando-se em sofá de couro. Inclinou-se nas almofadas de seda macia como se fosse um leito de penas. Lydia sentiu que o sono a dominava devagarinho.

― Ei, acorde, Lydia!

Ela sentiu a cauda de Nico roçar a sua bochecha, e a empurrou, acordada. Parecia que já havia passado muito tempo, quando começava a anoitecer. O quarto escuro só era iluminado pela luz de lâmpada de óleo.

Ela não viu um sinal do homem que dormia no carpete. E ao invés disso, o viu pela porta aberta do banheiro. Seus olhos se encontraram no reflexo do espelho. Lydia arregalou os olhos.

Seu cabelo, que costumava ser castanho e desgrenhado, era agora de um ouro brilhante. Parecia que raspava a barba. E aí, ele sorriu de volta para ela, enquanto penteava os cabelos com os dedos. Seu charme o fazia parecer uma pessoa totalmente diferente.

― Você acordou. Seu rosto adormecido é adorável.

― Uh...

― Se o seu gato não silvasse para mim, eu ficaria o admirando por mais tempo.

Nico sentou-se em uma das almofadas, olhando para outro lado, fingindo ignorância, enquanto coçava as orelhas com as patas traseiras. De um modo geral, ele dizia que não gostava de agir como um gato.

― O mais importante... Seu cabelo...

― Oh, eu o havia tingindo. Se estivesse com a minha cor natural, me destacaria. Mas, de qualquer forma, no fim, fui encontrado pelos seus companheiros.

Ele secou os cabelos despreocupadamente. Os olhos, que a espiavam ao meio de seus brilhantes cabelos dourados, eram os mesmos malva-acinzentados.

Ainda de pé, naquele local, ele de forma desavergonhada despiu a sua camisa surrada e puída.

― O senhor está na presença de uma lady, milord. – quem disse era um jovem sombrio e obscuro. Ela apostou que ele teria a mesma idade que a sua. No entanto, aparentava ser excessivamente calmo e controlado. Um criado estranho que nem ao menos demonstrava um sorriso.

Mas, espere, criado? Milord?

― Oh, desculpe-me! Acredito que a minha mente não se adaptou bem à situação.

O jovem servo estava prestes a vesti-lo com as roupas novas que tinha trazido, quando descobriu os ferimentos.

Milord, o senhor está ferido...

― São apenas arranhões. Eles estarão escondidos assim que estiver vestido. Então, deixe estar. – ele disse colocando as mãos nos ombros de seu servo.

― Não se incomode com isso, Raven. Não adianta matar alguém por isso.

Matar?, Lydia arqueou as sobrancelhas ouvindo a conversa tão perturbadora. Mesmo que fosse uma piada, não era nada engraçado.

― Sim, milord. – respondeu o criado. Mas, sua expressão não era bem-humorada para uma piada ou ele estaria justamente pensando em matar quem feriu seu mestre. Ele apenas fechou os botões da camisa rapidamente com os dedos.

― Porém, estava preocupado que o senhor não chegasse a tempo. – disse o criado.

― Tudo correu como foi planejado, Raven. Ah, gostaria que conhecesse a senhorita Carlton.

― Mas, espere! Como sabe o meu nome? – interrompeu Lydia.

― Os companheiros de Huxley estavam procurando por uma jovem chamada Lydia Carlton. De modo que deve ser você.

Então, de repente, ele parou o seu servo como se lembrasse de algo e caminhou até Lydia.

― Desculpe, não me apresentei, my lady. Eu sou o Conde Edgar Ashenbert. É um prazer conhecê-la.

Ele pegou a sua mão e a beijou delicadamente. Ela o olhou com os olhos arregalados, enquanto que ele lhe devolveu um sorriso divertido. Lydia voltou à realidade e retirou a sua mão dele.

― Conde? Você? Eu não acredito nisso! Preciso ir para Londres! Se me der licença!

― Você está muito atrasada. O navio já saiu do porto.

― O quê?

Ela correu para a janela, e não teve dúvida, o porto estava a quilômetros de distância.

― Qual é o significado disso? Isso é um sequestro! Eu deixei a minha bagagem no último navio, larguei a minha bagagem de modo que não tenho um tostão, e estamos em um navio sem bilhete. Seremos capturados como clandestinos!

― Estou chocado por você pensar desse jeito sobre mim. Prometo que será escoltada oportunamente para Londres, quando terminarmos nossos negócios. Vou cuidar de todas as suas necessidades. E não se preocupe, esta é a minha cabine. Até tenho o seu bilhete.

― Então... a sua intenção desde o início era me levar a bordo deste navio? Ser capturado por sir Huxley era apenas uma interpretação?

― Isso foi real. Até porque, não gosto de me machucar.

Havia cortes em seus pulsos e pescoço. Uma vez que ela viu as feridas abertas, Lydia perdeu a vontade de atacá-lo.

Contudo!

― Ser capturado me parecia a única maneira de encontrá-la. Pois, eu nem sabia como você era ou tinha a sua descrição. – explicou Edgar.

O que explica o porquê foi capturado de propósito.

― Então... não haveria nenhuma razão para tingir seu cabelo.

― Oh, isso é para que eles pensassem que eu não tivesse a intenção de ser capturado.

Lydia sentiu-se tonta, com a sensação que iria desmaiar. Completamente confusa, se esqueceu de fazer a pergunta mais importante: qual era o seu objetivo.

― Raven, que horas são?

― Quase sete horas.

― Precisamos nos apressar. O jantar está prestes a ser servido. Oh, sim, você terá que se vestir também. Fomos convidados a juntar-se à mesa do marquês e marquesa Eugen. Eles são nobres da Dinamarca e foram eles que me convidaram para este navio. Desde que você não pode embarcar sem ser requisitado.

Um navio que ele poderia trazer Lydia junto, mas Huxley e seus companheiros não poderiam pisar. Não havia nenhuma chance de que tivesse sido convidado coincidentemente em um navio que estava atracado neste porto em um momento tão oportuno. Ele devia ter olhado para este navio desde o início e se aproximou do marquês e da marquesa para se convidar.

Ela começou a tremer quando pensou que poderia ter sido pega por um homem extremamente perigoso.

― Você só pode estar brincando, senhor...

― Por favor, me chame de Edgar, Lydia.

Ele não prestou a atenção no momento em que Lydia o olhou de volta, e continuo bem-humorado.

― Onde está Ermine? Diga para ela trazer um vestido para senhorita Carlton.

― Sim! Estou preparada, my lord. Raven, esse laço não combina com a cor dos punhos. Use isso em vez disso.

Ela entrou com um vestido e um laço enrolado no seu braço. Era uma mulher vestida em terno masculino. Vestia calças que se encaixavam perfeitamente em torno de sua cintura. Usava um casaco preto assim como o jovem servo. Seus cabelos eram curtos, que mal chegavam aos ombros, e não tentava esconder as curvas de seu corpo. Qualquer um poderia dizer à primeira vista que era uma mulher.

Lydia se perguntou se ela seria também sua serva.

My lord, qual prefere? – ela perguntou.

― Bem... Escolho o que você indicar. No entanto, Ermine, este vestido realmente não é do meu gosto.

― Não é o senhor que irá usá-lo.

― Eu sei disso. Mas, eu gostaria que a sua frente fosse um pouco mais reveladora.

― Não há necessidade de alguma vulgaridade à mesa. Isso combina com my lady. – afirmou Ermine. Mesmo que se fosse uma criada, parecia que a relação entre eles era mais amigável.

― Agora, my lady, por favor, siga-me – orientou a serva.

Levada para quarto, Lydia foi ajudada a se despir.

― Hum, eu posso fazer isso sozinha. – murmurou Lydia, que não estava acostumada a ser ajudada a se vestir.

No entanto, ela acabou precisando bastante ajuda, pois o vestido era formal e não seria capaz de colocá-lo sozinha.

Necessitava dispender dos seus regulares e colocar um novo espartilho e crinolina e, com cuidado, deslizou o vestido prestando muita atenção para que não danificasse as fitas macias, as rendas e pérolas finas que o adornavam.

― Agora, vamos pentear o seu cabelo.

Ela se sentiu ser tratada como uma criança pequena. Lydia estava sentada frente ao espelho, a bela Ermine sorriu para ela. Era uma obra atraente de Deus, a qual o seu sorriso não fazia com que os outros se sentissem humilhados, apenas encantados com ela. Seu rosto era firmemente resolvido e resoluto, mas nada masculino. Mesmo seu cabelo curto, que sugeria seu desinteresse em lisonjear os outros, não prejudicava sua feminilidade. 

Sua pele branca era imaculada e lisa. Seus cabelos e olhos eram quase negros, de um castanho bem escuro. Suas sobrancelhas eram delineadas, e seus lábios vermelhos pareciam pétalas de uma flor, absolutamente sedutores.

Lydia mirou para seu próprio reflexo no espelho. Ela era uma garota que ninguém ousava dizer que era bela, uma tez firme, e seus cabelos avermelhados não era menos atraente. Seus olhos verde-dourados eram tão raros que as pessoas se intimidavam, tinha medo até.
Seus olhos e nariz eram bem proporcionados, e seu pai os chamaria de belos, mas devido à sua personalidade impaciente, eles duelavam com seu ar severo. Acrescente a isso, que ela era considerada uma estranha. Então, ninguém nunca a considerava uma mulher.

Entendeu que manter o cabelo comprido e solto, embora já estivesse com dezessete anos, era infantil. Mas, não ornamentava ou fazia penteados bonitos, sem contar que ninguém se importava. Então, o único penteado que Lydia poderia fazer por conta própria era uma trança.

― Ermine, está na hora. – disse uma voz atrás da porta.

― Imediatamente, my lord. Nós já terminamos.

Enquanto ela estava distraída olhando para espelho, viu um jovem elegantemente vestido de forma refinada olhando para ela. Mas, esse momento foi tão breve o quanto permitido, que antes que percebesse, levantou-se da cadeira.

― Incrível! Você parece mais bonita.

― Pare de brincar.

― Por quê? Eu também acho que se você sorrisse, ficaria mais adorável.

― Para quem estaria sorrindo?

― Para mim.

O que há de errado com essa pessoa?, Lydia não conseguiu disfarçar a irritação na sua expressão.

― Agora, pensando bem, não tenho necessidade de acompanhá-lo neste jantar. – afirmou.

― Bem, você não está com fome? – ele perguntou com indiferença.

Isso era verdade. Ela estava. Só tinha se alimentado ao meio-dia, com uma fatia de pão que estava à venda na área de espera da estação.

― Eu quis dizer... Que seria mais confortável se comesse sozinha.

― Isso é um desperdício! Não quero perder a oportunidade de mostrá-la.

― Ah? Eu não sou seu acessório!

― Claro! Você é a principal atração. Estou apenas servindo como seu acompanhante. Garanto que eles irão gostar de você. Há momentos em que uma escolta ineficiente pode diminuir o valor de uma mulher. Mas, se tudo correr bem, poderemos nos exibir de uma forma mais atraente.

Então, no final, tudo é para seu próprio bem.

Embora, se sentisse reticente, ela foi conduzida pelo navio e levada até a porta da sala de jantar. O porteiro fez uma reverência respeitosa e abriu a porta. Ela foi escoltada pelo seu experiente acompanhante, mas pela etiqueta “mulheres, primeiro”, Lydia foi a primeira a entrar no local.

― Como eu disse, Lydia, a partir deste momento, você vai se exibir. Lembre-se disto.

Aquilo era algo muito arrogante para ser dito. Porém, ele não estava blefando. No grande salão, uma onda musical da orquestra os cumprimentou. Um candelabro cintilava acima deles, talheres brilhavam, assim como as joias usadas pelas nobres. Em várias mesas, se ouviam gargalhadas. Lydia olhava ao redor desorientada, enquanto era escoltada suavemente por Edgar que era, sem sombra de dúvida, graciosamente o nobre perfeito. Quando ele trajava aquelas roupas sujas, sua figura magra quase o fazia parecer cansado e fraco, mas uma vez que ele colocou um casaco caro e fino, ele não parecia associado à preocupação ou luta, ele combinava com a sua refinada presença de modo perfeito.

O colarinho alto e rígido estava virado para cima e amarrado com uma gravata em cascata. O botão era de um tom violeta em três nuances. Seus traços faciais demonstravam nitidez e doçura. Seus brilhantes cabelos dourados eram verdadeiramente uma característica de um nobre que muito dificilmente seria encontrada de modo comum.

O que Lydia sentia muito provavelmente era o mesmo pensamento de alguém poderia ter assim que o conhecia. Como um jovem conde, Edgar fascinou não somente o marquês e a marquesa, assim como os outros membros nomeados de forma extravagante à mesa. 

Quanto à Lydia, que foi apresentada como sua amiga, não precisou dispensar atenções extras, mas foi permitida que desfrutasse silenciosamente dos pratos que eram colocados sobre a mesa.

De acordo com a história de Edgar, Lydia cresceu em Edimburg com seus avós. Era uma jovem respeitável que se empenhava em obras de caridade e estava a caminho de Leeds para assistir a um casamento de uma amiga de infância.

Seu pai, rígido como ele só, não permitiria que a jovem fizesse uma curta viagem. Mas, aparentemente depois que Edgar se ofereceu para fazer a sua escolta, ele finalmente cedeu.

É incrível como ele despeja tudo isso.

― Estou impressionado! O conde é realmente querido pelos seus amigos.

― Se isso é para ganhar a atenção de uma bela amiga, então alguém está ansioso para cortejá-la. Não é verdade, my lord?

― Estou feliz por você ter entendido. Porém, infelizmente ela só me permitir ser seu amigo durante todo o tempo.

Nós nos conhecemos hoje...

No entanto, o desempenho “sincero” do jovem foi capaz de criar uma ótima impressão no casal marquês. O marido olhava para o conde como fosse seu neto, e a multidão mais velha como ele fosse um jovem puro.

― Bem, isso é um desperdício! – disse uma das mulheres. – Um cruzeiro no oceano é uma boa oportunidade de fugir da velha rotina. Tanto que qualquer tipo de mulher se apaixonaria, não acha, jovem?

― Isso é verdade, Lydia.

Se tornar comentário em meio a esse tipo de vozes, parecia ligeiramente novo e estranho para ela, visto que foi aceita calorosamente por eles. 

― Eu não saberia.

Sentia-se bastante satisfeita, mas ao mesmo tempo um pouco frustada, porém, Lydia replicou amigavelmente, o que ele respondeu com uma triste levantada de ombros. Ele devia estar bem ciente, que só foi aceito por retribuir a simpatia calorosa das pessoas ao seu redor.

― Como alguém em uma posição confiável como a seu pai, é lamentável que não possa mais cortejá-la.

Ela era interpretada como uma garota fria e reservada, que era galanteada pelo jovem conde. Edgar apresentara Lydia como se fosse uma santa. Então, era exatamente isso que ele queria afirmar. Sentada ao seu lado, ela recebeu os olhares invejosos das moças e filhas de outras mesas. Mas, isso não fazia sentido para Lydia. Mesmo que a situação era agradável e reconfortante, obviamente, Edgar não era seu amigo. Era tudo uma farsa, assim como se embeleza qualquer joia falsa. Logo, o maior propósito para Edgar era fazer que acreditassem que ela era sua amiga. Ele não queria que aparecesse como apenas um jogo, até porque se colocou como um dos peões no tabuleiro. Era verdade que ele era um conde?

― Oh, agora me lembro, Conde Ashenbert, ouvi dizer que era o descendente do nobre e lendário Cavaleiro Azul.

Quem disse tal frase era o homem que estava sentado à beira da mesa. O único que estava em um debate acalorado sobre Chaucer.

― Dizer que é famoso, seria um exagero. Para a maioria do povo britânico, o Conde Cavaleiro Azul é apenas outro personagem fictício como Hamlet. E nem mesmo tão conhecido quanto ele.

― Oh, então, o Conde Cavaleiro Azul realmente existiu? Eu li o livro de F. Brown e certamente é uma história maravilhosa.

Era evidente que Lydia conhecia a história do Conde Cavaleiro Azul. Surpresa ao ouvir sobre informação inesperada, inclinou a sua cabeça para ouvir a conversa.

O acadêmico interpretou a leitura para a nobre curiosa.

― Sim, madame, o personagem foi baseado em um cavaleiro que prometeu lealdade a Edward I. Ele conduziu o ataque contra os cruzados, juntamente com o rei, quando ainda era um príncipe herdeiro. Autodenominava-se que era do Mundo das Fadas e mencionou histórias de aventuras por vários países estrangeiros que encantaram o mundo. A escrita de Brown descreve o trabalho do Conde Cavaleiro Azul, o servo das fadas, como confiável e útil culminando em um romance de fantasia misteriosa. Além de servo das fadas, de fato foi um conselheiro de Edward I, denominado como o Senhor Cavaleiro Azul.

Edgar permaneceu em silêncio, sorrindo suavemente, enquanto assentia com a cabeça, deixando que o estudioso falasse.

― É verdade que o título de nobreza inglesa foi concedido ao Senhor Cavaleiro Azul por Edward I. Você não acha que sendo o governante do Mundo das Fadas, comprometido por sua lealdade eternamente, o Rei da Inglaterra se tornaria governante das terras imaginárias das fadas reflete o humor típico inglês?

― Você está errado! Senhor Cavaleiro Azul era realmente o senhor de todas as boas fadas! – Lydia não conseguiu se conter e declarou o que acreditava.

Todos os olhares da mesa se voltaram para ela. Oh, não! Vou ser motivo de piada de novo! Mesmo ciente disso, não poderia ficar em silêncio depois que tentaram ofender a história do estudioso.

― Hum... Por que o senhor diz que acredita na existência do Senhor Cavaleiro Azul, ao mesmo tempo em que arbitrariamente julga que o Mundo das Fadas não passa de uma piada? Ambas as histórias aconteceram ao mesmo tempo. É errado dizer que uma é verdadeira, enquanto que a outra seja uma invenção.

― Jovem, a parte das fadas é muito absurda. Mas, desde que há documentos que comprovam que um título de nobreza foi concedido ao Senhor Cavaleiro Azul, então, não há dúvida de sua existência.

― Evidente. Mas, nesses papéis deveriam constar que o Lord Cavaleiro Azul era o Conde de Ibrazel. Em gaélico, Ibrazel significa a lendária Terra das Fadas, além do mar. Isso se torna verdadeiro também. Você crê que as pessoas da época acreditavam que a Terra das Fadas fosse uma piada?

Edgar sorriu docemente.

Ele poderia me ajudar?

Os olhares do grupo que encaravam Lydia, com ceticismo, rapidamente se voltaram carinhosos.

― Sem dúvida. No passado, as pessoas não pareciam acreditar na existência das fadas e demônios. Então, eu gostaria de perguntar ao conde, você tem um feudo no País das Fadas?

― Mas, é claro! Eu o herdei do conde anterior.

Respondeu com tanta facilidade, que eles aceitaram essa resposta com uma pitada de senso de humor britânico.

― Oh, eu realmente adoraria fazer uma visita!

― A regra da família é que a única que tem a autorização para ser levada comigo é a minha noiva.

― Oh, minha nossa! Se uma mulher fosse persuadida com este argumento, eu entenderia como a senhorita Carlton não quer deixar de acreditar na Terra das Fadas.

― Então, isso significa que ainda posso ter um pouco de esperança? – Edgar olhou novamente para Lydia de modo caloroso e instigante.

Uma conversa que foi considerada como uma piada com segundas intenções. Mas que, estranhamente, ninguém mais negou as fadas. Como fosse um pequeno jogo de faz de conta.

Com um pouco da ajuda da arte da conversação de Edgar, Lydia não foi ridicularizada ou foi encarada com olhares espantados. Seus cabelos castanho-avermelhados, que ela não conseguia gostar, eram invejados ou elogiados pelo fato de não serem frisados e que seus olhos verdes, que  a fazia se parecer como uma bruxa, ou uma vampira,  foram comparados com a qualidade de um peridoto.

Ela ficou intoxicada pelos estímulos de alta qualidade, o brilho do lustre, e o cheiro do perfume. Lydia pensou de maneira distraída no senhor das fadas, o descendente do Conde Cavaleiro Azul, e que poderia possivelmente simpatizar-se com ela e aceitá-la.

― Sinto-me como se tivesse ouvido tantos elogios em uma vida toda. – murmurou Lydia, enquanto se refrescava com a brisa do vento no convés.

O mar estava escuro e não se podia ver nada. Uma fumaça branca nebulosa do navio a vapor flutuou de tal forma que cobriu a Lua.

― Isso é absolutamente ridículo! Aqueles servos horríveis me serviram leite em uma tigela. O que sou eu? Um gato? Quem beberia aquilo?

Nico, o gato de pelos grisalhos, não se importava com quem olharia para ele. Estava sentado com arrogância em uma espreguiçadeira engolindo um pouco de scotch. Ao seu lado, havia um prato com peixe frito.

― Ei, Lydia! Você poderia me fazer um favor, e dizer que irá me trazer uma refeição decente amanhã pela manhã? Quero panquecas, bacon e chá com leite quente.

― Você pode fazer isso sozinho! Você pode se virar muito bem!

Ele sibilou irritantemente.

― Mesmo se eu falasse alguma coisa, um ser humano comum fingiria que não me ouviu. Afinal, ninguém admitiria que um gato pode falar. Então, qual é o objetivo deste homem?

― Ainda não perguntei. Mas, ele se reconhece como o descendente do Conde Cavaleiro Azul. Talvez seja relacionado a isso. 


― O Conde Cavaleiro Azul, se bem me lembro, não era essa a lenda do governador do País das Fadas? O que significa que o lordconde quer a sua ajuda como fairy doctor.

Isso significaria que ele já sabe que a Lydia se autointitula como fairy doctor?

Contudo, com sua cabeça girando por causa do álcool, ela não podia imaginá-lo como governante do País das Fadas, ou alguém que a entendesse. Ele se apresentava como uma pessoa mais prática, um tipo de estrategista.

― Mas, ei, eu ainda acho melhor não nos envolvermos. Esse Huxley e o lord conde estão lutando entre si, certo? Você viu  eles fingindo como assassino de mulheres ou algo do tipo. É uma situação embaraçosa.

― Eu acho Edgar realmente muito bonito.

― Obrigado!

A voz que vinha atrás dela era do homem em questão. Ela mencionou sua opinião sem pensar muito, mas não imaginaria que seria ouvida por ele. Por isso mesmo, não conseguiu evitar que corasse.

― Hum! Não foi isso! Só estava repetindo a opinião geral. Portanto, é uma questão completamente diferente que tenha algum sentimento por você ou qualquer coisa do tipo.

― Com certeza! Afinal, eu a obriguei a vir comigo. Por isso, não tenho nenhuma expectativa que você abra seu coração para mim tão facilmente. A propósito com quem você estava falando?

― Hã? Bem, isso...

Ela deu uma olhada furtiva para Nico, o qual já se encontrava comportando-se como um gato.

― Isto é estranho? Falando sozinha com um gato? – Lydia apenas tomou uma atitude desafiadora.

― Por quê? Acho maravilhoso que você possa comunicar seus sentimentos com os animais.

― Não há outra maneira que você pense deste modo.

Porém, novamente, Edgar não demonstrou nenhuma expressão de brincadeira. Só que ele deve ter notado o copo de scotch que estava junto à espreguiçadeira onde Nico estava deitado.

― Você está bebendo outro drink? Está cansada depois de tudo?

Eu disse que estava apenas um bocado tonta e que precisava de um pouco de ar fresco, porém quando ele disse isto, me fez parecer uma bêbada. Ficou envergonhada e zangada com Nico, que fingia indiferença. E aí o temperamento de Lydia se inflamou e disparou:

― Não era eu, e sim, Nico que estava bebendo. Ele bebe sempre quando quer, não possui boas maneiras e demonstra um mau comportamento. Além disso, é um gato exigente com seu gosto por gravatas e casacos brilhantes. Queixa-se que não quer beber leite em uma tigela e prefere panquecas. Quando não, bacon e chá com leite como café da manhã. Ele exige estes absurdos o tempo todo!

Como seria de esperar, Edgar olhava para Lydia admirado.

Eu sabia! Mesmo para alguém como ele, que se diz o descendente do Conde Cavaleiro Azul, eu sou apenas uma aberração. Percebendo isso, ela insinuou:

― Se é engraçado, você vai rir, eu sei. Eu não sei o que você espera que eu faça. Mas, como você pode ver, eu sou estranha. Só me deixe desembarcar no próximo porto...

Lydia interrompeu suas palavras porque ele subitamente se aproximou dela. Com seus olhos malva-acinzentados, ele olhou calmamente para ela. Eles estavam tão pertos, que ela podia ver claramente que seus olhos ficaram amarelados por causa da luz da lâmpada.

― O que... O que foi?

― Foi me dito que os fairy doctorspodem ver o que os outros não conseguem enxergar. E ouvir o que os outros não conseguem ouvir. É verdade... Seus olhos, seus olhos verde-dourados brilhantes parecem ver todos os mistérios do mundo.

Portanto, ele sabia que Lydia era uma fairy doctor.

― Você está exagerando. Eu não sou grande coisa.

― Não! Se você está perto da luz, suas íris reluzem como uma flor dourada. Isso a torna mais misteriosa.

Esta característica de seus olhos era o que fazia com que os outros a chamassem de bruxa, mas como eles foram elogiados pela primeira vez, Lydia realmente foi nocauteada.

― Francamente, você é de fato o descendente do Conde Cavaleiro Azul? Não significa que você pode ver as fadas também? Se não, então, você não será capaz de chegar àquela terra.

― Já que é assim... Mas, a capacidade dos meus antepassados ultrapassou barreiras, e o poder de conversar com as fadas desapareceu a cada geração. A única coisa que herdei foi o título de conde. Meu pai e meu avô, e todos os meus ancestrais viajaram pelo mundo, viveram no exterior. Finalmente, voltei à Inglaterra. Contudo, mesmo que eu quisesse cumprimentar Sua Alteza Real, não tenho em meu poder a Espada herdada de Edward I, que é a prova de ser o Conde Cavaleiro Azul.

Enquanto ele falava, a distância entre os dois diminuía, e assim, Lydia caminhava lentamente para trás.

― A espada com joia?

― Julius Ashenbert, um conde de minha família, há 300 anos a escondeu em suas terras. Saiu em uma longa viagem e morreu. O local é protegido por um enigma feito pelas fadas, foi o que me disseram. E para chegar lá é preciso dar vários passos. Por isso, para alguém como eu que não nasceu com esse poder, se torna incompreensível.

― A terra de que você fala é o Reino das Fadas?

― A minha família tem terra e castelos até no mundo humano. Algumas obtidas através de nossa dignidade, outras por agradecimento por nossos serviços e outras foram doadas.

― E por isso que você precisa de um fairy doctor...

― No entanto, esse não é o único problema... Há outros que estão atrás da grande estrela safira que adorna a espada...

― Os outros que você quer dizer, é sirHuxley?

― Isso mesmo! O homem que tentou te sequestrar. Ele não sabe que a preciosa espada é a prova cabal. Mas, como ele sabe que estou também atrás da espada, vai tentar me prejudicar. Se eu morresse, a linhagem da família do Conde terminaria. Preciso encontrá-la antes que ele tome-a primeiro e provar a minha posição como membro da família do Conde. Lydia, por favor, me ajude.

Lydia deu um passo para trás, porém, não sentiu o chão, perdendo o equilíbrio.

Eu vou cair. Ela percebeu que estava perto da escada. Ele a segurou firmemente e a trouxe de volta para ele.

― Tenha cuidado! Está escuro. – pronunciou as palavras com um suspiro.

Ela nunca esteve tão perto de um homem, além do seu pai.

― Deixe-me ir...

― Se a largar, você irá cair.

Ela não poderia deixar de pensar que ele estava se divertindo com a situação.

― Já chega com isso!

Assim como a leveza de uma dança, ele habilmente se virou quando a segurou. Colocou-a longe das escadas, e a soltou devagar, como estivesse arrependido.

Lydia ainda mantinha os olhos nele, enquanto que ele só devolveu um sorriso destemido. Deveria pensar que não havia nenhuma mulher que negasse o que queria. Isso era ofensivo!

― Na minha opinião não acredito que você seja de verdade o descendente do Conde Cavaleiro Azul. Não tenho nenhuma intenção de ajudar um impostor obter a Espada Lendária do Conde Cavaleiro Azul. Então, eu...

― Vai recusar? Então, planeja nadar daqui para casa?

― Você está insinuando que irá me jogar no oceano?

Nervosa, Lydia se afastou rapidamente dele e da grade.

― Eu não ousaria! Não sou um vilão tão cruel. Só que quero alertá-la, vai ser difícil chegar ao próximo porto ou mesmo em Londres, principalmente porque você está sem dinheiro. Até porque, a essa altura, Huxley e seus companheiros estão à sua procura desesperadamente.

O que significava que não tinha outra alternativa. Não havia dúvida que estava sendo ameaçada. Ela pensou que sem dúvida ele era um vilão cruel. Retirou uma chave do bolso do casaco.

― Seu quarto. Ele está no mesmo andar do que meu, mas do outro lado. Por favor, use-o como quiser.


Depois de entregá-la, desapareceu no corredor escuro.

Nota da tradutora: Bem, chegamos ao fim do 1º capítulo do volume I. A você que leu o mangá ou assistiu ao anime, já pode reparar várias informações que foram ocultadas. Uma delas é que... Ermine está viva! Edgar é mais sinistro e misterioso do que anime e mangá (fique de olho nele, que irá te surpreender a cada volume!).
Acredito que até no final do mês de fevereiro posto o 2º capítulo, mas nos acompanhe no Facebook, porque será lá que irei avisar, certo? Dê suporte, divulgue! Beijos e muito obrigada!