sábado, 22 de dezembro de 2018

Lua Escarlate, Lua Branca - Capítulo 3 - Volume III - Hakushaku to Yousei Light Novel

Nota de abertura:
Finalmente, cheguei como terceiro capítulo do livro III!!! Aeeeeeee! E por que a demora, Juliana? Estava prestes a terminá-lo no início de novembro. Mas, o documento ficou corrompido! Tentei de várias maneiras de recuperá-lo e nada. Conclusão, perdi todo o trabalho e recomecei do zero.  Mas, aí está para você apreciá-lo. Boa leitura! J

P.S. Ainda perco medo de Drop Box e começo a usá-lo.

 [Impostor que se apresenta como o Conde, estamos cientes de que você não tem o direito de reivindicar o título de Conde Cavaleiro Azul. Abandone a espada de vez! Senão iremos caçar a espada como a sua vida].

Na carta em que foi escrita essa mensagem não apresentava assinatura, apenas a marca de Lua crescente com tinta vermelha carimbada no envelope. “Que carta idiota”. Edgar a atirou do lado e estendeu a mão para a xícara de chá. Isso o deixou de mau humor logo pela manhã.

O baile ontem à noite terminou por volta de meia-noite e, finalmente, foi dormir nas primeiras horas da manhã. Quando acordou já era de dia, algo no estilo de vida de um nobre que passava a vida nos bailes à noite. O mordomo esperou cuidadosamente para que seu mestre acordasse para trazer aquela carta com o rosto pálido. Ele alegou que foi jogada na porta dos fundos na noite passada. Como todo mundo estava ocupado, só foi descoberta por um dos servos pela manhã.

My lord, o que devemos fazer? Devo notificar a polícia?

A espada era a prova de que ele era o senhor da família. Não estava errado quem alegou que Edgar era um Conde impostor e lhe ordenou que largasse a espada tivesse ligação com aquele homem que atacou Raven anteriormente o chamando do “Cão do Príncipe”.

― Hm, vamos ver... A polícia ainda não conseguiu encontrar nada sobre o instrutor que esqueceu seus dedos aqui, certo? De qualquer forma, me parece que tudo o que podemos fazer é reforçar nossa segurança, por enquanto.

― Isso será feito facilmente.

― Portanto, o resto será cuidado por nós.

O mordomo respondeu “Entendido” e não insistiu sobre o que ele faria com o misterioso grupo de origem não identificada. Mesmo que ele sentisse que Edgar teve um relacionamento com uma organização não tão pacífica no passado, nunca o questionou.

Dizia-se que o Conde Cavaleiro Azul tinha fadas e pessoas ao redor sob o seu domínio e, durante por muito tempo, protegera seu povo misterioso que possuía sangue das fadas e sofrera uma dura perseguição por parte da Igreja. Tompkins pertencia a um desses clãs. Ele demonstrou lealdade infatigável à família do Conde. Edgar imaginou que por gerações, o Conde Cavaleiro Azul deve ter sido o Lord que era imensamente confiável para eles, o que o fez se sentir um pouco apologético. Ele obteve o título de Conde, é claro, porque lhe era útil. Mesmo assim, não tinha intenção de sujar o nome.  

Mesmo que fosse um impostor, ele só tinha que se tornar a coisa real, pois percebeu a responsabilidade de proteger esta família. Ele não podia ficar assustado cada vez que recebia esse tipo de ameaça.

― No entanto, my lord, não se coloque em perigo do que a espada...

― Você está preocupado comigo?

― O senhor ainda não tem um herdeiro.

Uma vez que a cabeça da família esteve ausente por centenas de anos, a condição de sucessor permaneceu desconhecida, portanto, o nome da família do Conde não foi eliminado e ficou à espera. No entanto, se algo acontecesse a Edgar, poderia ser decidido que a linhagem acabaria.

― Compreendo. Eu ainda tenho esse dever para realizar. Tompkins, eu gostaria de deixá-lo mais tranquilo, mas posso ser odiado por nossa futura dona da casa.

― Está tudo bem, my lord. Há muitos maridos que são odiados por suas esposas.

― ...Entendo, isso é encorajador.

O mordomo colocou o jornal, que estava esticado, em destaque, Edgar soltou um sorriso amargo, e ele saiu da sala. Assim que ele saiu, Raven entrou.

― Raven, tenho a sensação de que há uma organização chamada “Scarlet Moon” entre aquelas que estávamos investigando.

― Sim. Eles não usam oficialmente esse nome, mas são uma gangue de assaltantes para doar seus lucros. São bastante famosos nas partes mais periféricas da cidade e há rumores de que moedas de ouro foram espalhadas em St. Giles e em Southwark. Com certeza, havia dinheiro jogado nas casa de East End. Parte das moedas tinha uma Lua vermelha desenhada.

― Um grupo de roubo cavalheiresco. O que significa que as moedas de oura foram roubadas de algum lugar, certo?

― Parece que elas não passam pelo nome de Scarlet Moon, é algo bem indefinido. Mesmo assim, há famílias e indivíduos ricos que afirmam que as moedas de ouro foram roubadas de seus territórios e espalhadas.

Enquanto lia o memorando, Raven mencionava nomes de famílias ricas e assim como as empresas destas.

― Essas são as fontes de fundos do Príncipe.

― Sim.

Era questionável se eles causassem algum dano contra o Príncipe, que se encontrava no topo de uma pirâmide de dinheiro e riqueza que acumulou, apenas roubando moedas de ouro do pé da cadeia. Mesmo assim, havia a possibilidade de que eles com suas atividades conseguiam atingir o alvo, o Príncipe. Isso pode estar relacionado com o ataque contra Edgar.

― Eles chegaram a matar?

― Não há grandes incidentes os suficientes para serem relatados nos jornais.

― Uma vez que eles são uma gangue de roubos para doações, um assassinato mancharia a imagem.

E, no entanto, a partir do ataque repentino no outro dia e da leitura desta carta ameaçadora, eles pareciam que estavam loucos para matá-lo. Além disso, ordenaram que ele entregasse a espada da família do Conde. Isso não era algo que pudesse ser trocado por ouro. E mesmo que conseguissem roubar, teriam mais um problema, o de eliminá-lo. O mais importante, estavam ligados ao nome do Conde Cavaleiro Azul. Como se não quisessem que Edgar, um impostor e capanga do Príncipe, fossem visto como o mantenedor do título.

― Eu me pergunto, por que Scarlet Moon?

Lua... O feitiço da troca com a Lua. A promessa que o Conde Cavaleiro Azul fez com a Rainha das Fadas. Era como fosse amaldiçoado pela Lua. Agora que ele refletiu sobre isso, ontem à noite, Marygold criou uma comoção pela anel da "Lua" ou algo assim. Edgar teve a sensação de que respondia algo como se o caso era da especialidade de Lydia.

Ontem à noite, me pareceu que Marygold estava com asas pequenas e transparentes em suas costas. E estava em pé na cabeça de Nico. Nico, sim, aquele maldito gato”, que falava com as patas como estivesse dando uma palestra. Gritou com ele perguntando o que tinha feito à Lydia.

Eu não fiz nada para Lydia. E o mais importante, parece que bebi demais. Não havia como um gato falar. Não, ele parecia que as pessoas diziam de tempos em tempos?”.

― Raven, Lydia está aqui?

― Ainda não.

― Eu me pergunto se ela virá.

Mister Nico está tomando chá em seu escritório, como de costume, então, acredito que ela virá em breve.

Ah, chá! Sim, ele era um gato que amava chá. E, no entanto, o mordomo e Raven lhe serviam chá como fosse algo natural.

― A propósito, Raven, sempre me pergunto sobre isso, mas por que você chama um gato de mister?

― Ele é um gato?

Ele retomou com uma pergunta como estivesse confuso.

― Ele não é um gato?

― Como lord Edgar fala periodicamente com ele, acreditava que ele fosse diferente.

Quando pensou sobre isso de novo, Edgar também ficou confuso.

― Por alguma razão, tenho a sensação de que já tivemos esta conversa. Primeiro de tudo, não posso entender de que ele poderia fazer o truque de pegar uma xícara de chá e bebê-la.

Oh, bem”. Desde que ele conheceu Lydia, sua realidade mágica e misteriosa se infiltrou nele. Até ontem à noite, ele testemunhou o salto de um cavalo negro desaparecendo na fonte. Sim, ele era uma fada que tinha proposto casamento à Lydia. Ele prometeu a si mesmo que não iria perder de um cavalo.

― Mais uma coisa, lord Edgar, sir Paul Foreman está aqui para vê-lo.

― Paul? Acredito que não marquei com ele.

― Ele disse que vai esperar o tempo que for. Já faz duas horas.

Soltando um suspiro, Edgar levantou-se para arrumar.

― Então, ele poderá esperar mais um pouco.

*****

Lydia finalmente chegou ao seu lugar de trabalho, a mansão localizada em Mayfair. Apenas deu uma simples e rápida saudação ao mordomo e correu para seu escritório. Ela não sabia que tipo de expressão deveria usar se encontrasse Edgar, por isso, decidiu que iria ficar na sala por hoje.

Para falar a verdade, Lydia não se lembrava muito bem do que tinha acontecido depois disso no baile. Ela estava em tal desespero que bebeu três copos de ponche. E, a partir daí, não se importou com mais nada.

De acordo com seu pai, ela estava muito animada e dançou alegremente. Porém, quanto mais o baile avançava, mais todo mundo ficava bêbado. Logo, a cortesia e as boas maneiras e qualquer modo bem educado gradualmente escapavam à medida que a pessoa estava mais alta, mais grosseira. E por esta razão, mesmo que Lydia estivesse bêbada, não iria se destacar, mas aparentemente o seu pai a levou para casa, antes que fizesse alguma bobagem.

Ela mudou seu estado de espírito e decidiu começar a trabalhar colocando as mãos nas cartas que acabaram de chegar dirigidas à fairy doctor. No entanto, não tinha espírito para que pudesse se concentrar no trabalho. Marygold, em forma de garotinha humana, entrou correndo em seu escritório.

Miss Lydia, oh, como esperei por você. Preciso de sua opinião imediatamente. O Conde só me disse deixa todas as questões relacionadas às fadas para Lydia. Mas, miss Lydia não estava sóbria na noite passada, por isso, sirNico me disse para esperar até amanhã.

― Qual é o problema?

― A “Lua” de Minha Majestade não sai do dedo daquele homem. E isso o faz ser o homem, o Conde, que se casaria com Nossa Majestade.

Ah, sim, ela havia se esquecido disso. Kelpie roubou de Marygold e tentou dar à Lydia, mas foi parar erroneamente em Paul. O que significa que Paul, que estava usando o anel da “Lua”, estava preso à promessa da Lua de se casar com a Rainha das Fadas.

Se a Rainha das Fadas decidisse que o queria como substituto do Conde por ele estar com o anel, seria difícil de impedi-lo de ser levado para a Terra das Fadas.

― Nesse ritmo, ficaríamos com aquele homem para casar com Nossa Alteza.

― Bem, espere, Marygold. Você só precisa que o anel saia, certo?

Assim que Lydia terminou de falar, ela poderia imaginar que se isso acontecesse, Marygold iria atrás de Edgar e lhe diria para aceitar a “Lua”. Ele simplesmente não tinha que aceitá-lo. Ela não tinha forças como Kelpie para forçá-lo. Porém, Edgar tinha uma queda por mulheres, então, não podia haver algum tipo de erro e acabar aceitando-o. Ela estava pensando em algo, foi aí que houve uma batida na porta e, sem pensar, ela disse “Entre”.

― Bom dia, Lydia.

Assim que ela viu o rosto de Edgar, Lydia sentiu seu rosto se corar e rapidamente o abaixou. Ela escondeu o rosto atrás de uma carta que estava segurando, e fingiu que estava lendo-a.

― O que foi? Estou ocupada agora.

― A carta... Ela está de ponta-cabeça.

Ele pegou a carta das mãos dela, que estava em pânico, e olhou para ela de cima.

― Paul está aqui. Parece que seu trabalho vai salvá-la.

Era raro ele chegar direto ao assunto, sem suas costumeiras lisonjas e sorrisos. Lydia mostrou-se inexpressiva quando revelou sua face, assim quando a vela de um barco fica sem vento, mesmo assim, conseguiu levantar a cabeça. Ficaria nervosa se ele mencionasse o que aconteceu ontem à noite, já que ela não sabia que tipo de reação teria. Nesse ritmo, Edgar talvez nem notasse a desordem nos sentimentos de Lydia.

― Ah, sim. Estava conversando com Marygold sobre ele.

― Parece que ele  invadiu a sua sala de estar e o apertou para devolver o anel.

― Quem?

― Acredito que seja sir Kain.

Ah, aquele Kelpie insistente!”.

― Ele quase foi atacado por aquele cavalo, mas quando jogou a Bíblia nele, que estava ao lado de seu travesseiro, ele desapareceu, foi como um sonho.

― Não é um sonho, muito provavelmente.

― De qualquer forma, ele disse que viria tantas vezes que fossem necessárias até que consiga o anel de volta. Por isso, sir Foreman não quer ter esse sonho por causa do anel. Ele afirma que o anel é certamente amaldiçoado. E, por essa razão, sirKain foi visitá-lo ontem. Ele veio aqui para lhe pedir conselhos. Tudo bem se chamá-lo?

― Sim, claro. É minha responsabilidade ajudá-lo.

Depois de um tempo, Paul Foreman veio guiado por Raven, no entanto, ele parecia completamente exausto. Lydia levantou-se para cumprimentá-lo.

― Sinto muito, Paul. Você me salvou e, ainda sim, se encontra em uma situação conturbada.

― Oh, não, estou feliz por você estar bem. Mas, não tenho ideia do que está acontecendo. E o Conde afirma que é obra de uma fada.

Parece que o pintor das fadas não podia acreditar tão facilmente que tivesse entrado em contato com uma. Orientado por Edgar, ele se sentou em uma cadeira. Lydia também se sentou, no entanto, primeiro ele lhe mostrou o anel. Estava bem apertado em seu dedo do meio da mão direita. Era a mão de um pintor muito calejado, manchada de tinta e com vários calos duros feitos segurando firmemente os pincéis.

― É uma pedra da Lua.

Como Edgar tinha apontado, era uma grande pedra da Lua. Era uma pedra preciosa branca brilhante e leitosa. A luz cintilante, que se mostrou através do seu lado translúcido, tinha a forma de uma Lua crescente.

― Marygold, você disse que esta pedra da Lua aumenta e diminui como a Lua real?

― Sim. A largura da luz muda no seu interior. Nas noites de Lua cheia, ela se espalha ao redor e se torna uma linha pouco visível em uma Lua nova.

Depois que ela disse isso, balançou suas asas amarelo-Sol e se corrigiu.

― Não, eu quis dizer que é a Lua real.

Ela estava na forma de uma garota humana e ainda assim se esqueceu de esconder suas asas. Apesar disso, Edgar e Paul não perceberam ou não era uma situação para se preocupar, pois estavam concentrados no anel.

― Você, com certeza, não ficará entediado se o olhasse todos os dias. Paul, de certa forma, você pode se considerar um sortudo.

Que comentário, era um problema que não lhe dizia respeito.

― Você só pode estar brincando comigo, isso é impossível.

― Então, por que não está saindo?

― É porque Kelpie o forçou no seu dedo. Uma parte do anel está curvada e presa em seu dedo. – respondeu Lydia.

― Kelpie?

Hum, Kain é um cavalo aquático, Kelpie.

Edgar só respondeu com hum-hum, logo, ele não devia saber tanto sobre cavalos aquáticos.

― Ele era um Kelpie?! Os que dizem se alimentar de humanos?

O pintor das fadas obviamente sabia e se mostrou com uma voz estridente. No entanto, Edgar só respondeu de uma maneira prática:

― Então, ele é um cavalo devorador de homens.

― Eles também se alimentam de animais domésticos, mas não tocam no fígado e o deixam ao lado da margem do rio. 

― Que desperdício! Foie gras é a melhor coisa que existe. 

― O mais importante, o que devo fazer?

Paul tentou desesperadamente mudar o rumo da conversa, que na altura do campeonato, já tinha se perdido.

― De qualquer forma, devemos tirar o anel.

― Tentei de várias formas, mas foi impossível. Sabonete e óleo não funcionaram.

― Então, cortar uma parte do anel é a nossa única opção, você não acha? Se fizermos isso com cuidado, não conseguiremos machucar os seus dedos. - sugeriu Edgar. 

― Não, não se deve! Se houver algum dano causado ao anel de Nossa Majestade, nunca poderei voltar para casa. 

Marygold desatou a chorar. 

― Oh, isso seria terrível. Vamos pensar em outra coisa. - recomendou Edgar. 



Edgar mais que depressa foi ficar ao seu lado. 

― Existe outra opção? - indagou Lydia. 

― Não seria mais fácil ele deslizar se o dedo dele ficasse mais fino? Temos apenas que fazer Paul emagrecer.

Ele disse em perder peso, mas não que Paul fosse gordo. 

― Eu diria que sairia se ele não comesse por uma semana, o que acha?

― Por... uma semana?

― Se não conseguir, então, outra semana.

― Eu vou morrer!

Paul já estava à beira das lágrimas. 

― Tudo bem, mesmo assim, você pode viver em pele e osso.

Edgar disse isso não como fosse uma piada, mas um fato real. Paul afundou seus ombros de tal modo que fosse um prisioneiro sentenciado à morte. 

― Vou falar sobre isso com Kelpie. Embora, não seja algo comprovado, mas acredito que você deveria levar consigo uma Bíblia e uma cruz por precaução. - assegurou Lydia. 

― Obrigado, Lydia. - agradeceu Paul. 

Quando eles pensaram que tinha tudo se acalmado, Nico apareceu no peitoril da janela. 

― Oi, Lydia, nós temos outra visitante. 

Ela pensou em ter visto uma par de asas finas atrás de Nico e, assim, uma garotinha deslizou para pousar no peitoril da janela. 

Lady Sweetpea! - exclamou Marygold e voou para ela. 

― Marygold, fiquei me perguntando o porquê estava demorando tanto? O que você está fazendo? Não posso acreditar que você não seja mesmo capaz de cumprir um dever confiado a você pela Nossa Majestade. 

― E-eu sinto muito, mas, na verdade...

A fada chamada de Sweetpea trajava um vestido rosa-bebê. Aparentemente tinha um título mais alto do que Marygold, mas ambas garotinhas aparentavam a mesma idade, e por isso, ambas conversando era algo estranho. 

― O quê? O anel da Nossa Alteza está na mão de outro homem que não é o Conde?

Sweetpea caiu para trás, como estivesse tonta, Marygold se apressou para segurá-la. Lydia olhou secretamente para Nico.

― Por que você teve que trazer uma fada tão problemática?

― Bem, ela só perguntou por direções.

― Por que você sempre dá direções?

― Quem sabe? Estava apenas tirando uma soneca no topo do telhado. 

Ele apoiou no cotovelo como um travesseiro e cruzou as pernas, não estava atuando como gato comum, mas de maneira altamente digna. 

Aquela que voava era alguém atraente, não importava o porquê. Eles perceberam logo de cara que era uma fada. 

― Oh, bem, ele não pode ser ajudado. Nós apenas iremos casá-lo com Nossa Alteza. 

Não era uma boa hora para que Sweetpea se recuperasse e tomasse uma decisão. Ela agarrou o casaco de Paul. E era isso que Lydia temia.

― Espere só um minuto! Você está dizendo que qualquer homem se tornará o marido de sua Rainha?

― Todos nós estamos cansados de esperar pelo casamento de Sua Majestade. Ela não vai aguentar esperar pelo Conde e passamos por tantos problemas para colocar as mãos na "Lua". Não poderemos esperar mais. Pelo bem da prosperidade de nosso clã de fadas, precisamos que ela se case rapidamente. Por isso, levaremos este homem como o Conde. 

Que maneira rude! Mesmo assim, parecia que Sweetpea estava falando sério. Ela olhou ao redor da sala, avistou quem ela procurava e voou para Edgar. 

Lord Conde, por favor, perdoe-me a minha intromissão súbita. Meu nome é Sweetpea e sou uma das criadas de Nossa Alteza, a Rainha. 

― Sim, prazer em conhecê-la. 

Ele parecia que não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas deu seu sorriso de mais alta qualidade. 

― Verdade seja dita, nós gostaríamos de escoltá-lo até nossa terra, mas desde que Nossa Alteza tomou a decisão de se casar com a pessoa que usava o anel, só posso humildemente pedir sua compreensão neste momento. 

― Eu não me importo de modo algum.

― Eu ficaria honrada em lhe fazer uma visita mais uma vez. 

― Mais uma vez?

― Sim, já que a vida de um mortal é curta, haverá a necessidade de Nossa Majestade de se casar novamente. 

― Ah, sim, entendo. Mas, na ocasião, o Conde não será eu. Mais do que isso, o problema que está em jogo agora é que ele é um pintor, o qual tenho um favor. Seria problemático para mim se ele fosse agora. 

Parece que, em parte, Edgar não tinha intenção de virar as costas para Paul. Lydia ficou surpresa com isso. Edgar não era uma pessoa de coração mole. Mesmo que ele visse o dom da pintura nele, ela pensava que ele era o tipo de pessoa que pensaria duas vezes antes de virar as costas, mesmo que isso significasse as fadas irem embora. Não fazia tanto tempo que eles se conheceram, e ele não era uma mulher,  não podia imaginar qual o valor do dom de um pintor para Edgar. Logo, ele devia gostar de sua personalidade.

― Então, vamos negociar com algo.

― Não, nada de negociações!

Lydia apressou-se para interromper, pois negociar com uma fada era terrivelmente perigoso. 

― Você não tem direito de nos impedir. Nós vamos levá-lo. 

Ao contrário de Marygold, ela era uma fada teimosa. 

― Não fale uma coisa tão estúpida! Aquela "Lua" pertence a mim. Eu pretendo dar à Lydia, então não aja como se estivesse no comando!

"Ah, não! Por que ele tinha de voltar?". De repente, ela se sentiu tão cansada quando se virou e deparou com um jovem de cabelos ondulados negros que entrava pela janela. 

― Ei, suas anãs, saiam das minhas vistas! Ou, então, vou devorar vocês!

― Ahhhh!!! - gritaram Sweetpea e Marygold, e as duas grudaram uma a cada lado de Paul. 

― Diga que irá conosco agora mesmo! Senão, seremos vítimas desta fada barulhenta e mal-humorada!

Mesmo quando ela estremeceu de medo de Kelpie, tentou desesperadamente convencer Paul. 

― Por que você, que é tão pequena, se atreve a tirar sarro de um grande e digno Kelpie?!

As coisas estavam ficando fora de controle. Lydia perdeu a paciência e gritou:

― PODEM PARAR JÁ! Se vocês derem mais um passo em direção a ele, esta médica das fadas não permitirá! Compreendem? Kelpie, Marygold e Sweetpea, todos vocês devem passar por mim, primeiro!

Ela respirava mexendo os ombros e finalmente colocou todos em silêncio. 



***

Mesmo que fosse uma inexperiente fairy doctor, deve ter feito algum efeito a sua arrogância intimidadora. As duas garotinhas prometeram esperar pacientemente até o anel sair. Já com Kelpie, mesmo que ele não temia Lydia nem um pouco, contudo, se as fadas não interferissem, ele prometeu que não se importaria de esperar até que o anel tivesse saído. 

As fadas dos campos eram gentis, já que possuíam boa índole, mas assim como Kelpie, não se tinha garantia de que fariam algo escuso com Edgar enquanto esperavam. Lydia consultou Edgar sobre deixar Paul ficar em sua residência até o anel sair. A casa do Conde que guardava a Espada de Merrow, era, de certo modo, o território dos merrows. Era um local onde um cavalo aquático não podia fazer o que quisesse. Edgar concordou prontamente e, enquanto estava aceitando, ofereceu a Paul a tarefa de pintar uma obra para ornar na casa. 

― Paul, você não deveria fazer isso. Não seria uma boa ideia chegar perto do rio. 

Carregando um caderno de esboços em um braço, ele estava prestes a sair do caminho entre os arbustos, mas correu para voltar. 

― Então, vamos para aquela colina. 

A magia de Kelpie cresce mais firme perto do rio. Seria melhor tomar precauções. Lydia achou que a colina seria uma boa escolha e seguiu atrás dele. 

A razão pela qual Paul veio para os arredores de Londres foi para esboçar o desenho para a pintura que Edgar lhe pedira. Como ele se absteve de suas refeições a fim de remover o anel, estava ansioso para começar o trabalho oferecido. 

Já o motivo pelo qual Lydia o acompanhou em sua expedição para esboçar foi que, ao contrário da cidade, os campos selvagens estavam mais próximos do domínio das fadas. 
Lydia estava preocupada com ele indo para uma área que apresentava uma forte magia das fadas, e aquele que sugeriu que ela o acompanhasse foi Edgar. 

―  Estou com ciúmes de que ele seja protegido por você. - ele lhe disse isso em modo leve e frívolo de falar, mas foi rápido em deixá-la ir. 

Na noite do baile, ele estava persistentemente fazendo alarde por ela ficar amiga de Paul, porém, para lhe dizer ir junto com ele foi de um modo surpreendente e inesperado para Lydia. Agora que ela pensou sobre isso, desde a noite do baile, ele não flertou ou agiu como a estivesse cortejando como sempre. 

"Ele talvez notou que estava chorando?". Só de se lembrar como agiu, deixou Lydia em pânico, mas conseguiu se acalmar. Se ele tivesse percebido, não havia como usar isso como um assunto para provocá-la. "Ou, então, ele deve ter finalmente se cansado de mim".
Edgar estava indo a festas aqui e ali, como de costume, se ele fosse capaz de ir a todas as ladies e cortejá-las como quisesse, não sobraria tempo para desperdiçar com Lydia. E mais, se ele permanecesse calmo assim, ela poderia trabalhar harmoniosamente como fairy doctor da família do Conde. 

Uma vez que decidiram um ponto da colina, Paul, imediatamente, começou a trabalhar concentrando-se em seu desenho. Lydia passou o tempo passeando pela área e dando uma espiada nos esboços de vez em quando. A empregada que os acompanhava também conversou com ela, mas conseguir chegar a um lugar cercado de vegetação e sentir o vento roçar o babado do seu chapéu, passar o tempo sem fazer nada foi algo pacífico e relaxante por si só. 

― Você está mesmo entendiada?

Paul completara a maior parte do trabalho e falava com Lydia, que observava a paisagem perto dele. 

 ― De jeito nenhum. Não há muito tempo, morava no campo. Sempre havia momentos em que eu admirava as nuvens debaixo de uma árvore durante o dia. 

 ― Que maneira maravilhosa de passar o dia. 

Por contar aquilo, Lydia sentiu-se aquecida por dentro e sorriu.

 ― Sempre vivei em cidade barulhenta e movimentada em toda a minha vida, por isso que meu sonho é comprar uma casa em algum lugar onde o céu é claro e bonito e viver meus dias desenhando flores silvestres. 

Ele inclinou a cabeça de uma maneira um pouco embaraçada. 

 ― Mesmo dizendo isso, não poderia viver esse tipo de luxo, ao menos que meu trabalho fosse reconhecido pela sociedade. 

 ― Tenho certeza de que será reconhecido. Edgar parece que também vai ajudá-lo.

 ― Espero que sim.

Depois de pensar, ele disse mais uma vez.

 ― Acredito que o motivo pelo qual o Conde tem me olhando gentilmente é por sua causa. Tenho a sensação de que seus olhos capturam a minha pintura de fadas para que ele pudesse te fazer feliz. Parece também que ele não estava interessado em pinturas de fadas.

 ― Impossível. Edgar não me vê como uma pessoa especial. 

 ― É mesmo? Ele não é seu amor principal?

 ― Oh, Paul, você pode dizer, observando-o por uns cinco minutos o quanto ele é paquerador, não pode?

Com um sorriso azedo e perturbado, Paul coçou a cabeça. 

 ― Bem, sim, eu acho... Mesmo assim, tive um sentimento de como ele te visse de forma diferente. 

"De que forma?", ela queria perguntar a ele, mas refletiu que iria parece absolutamente estúpido. No entanto, pareceu a Paul que não havia problema que Edgar flertasse ou perseguisse qualquer pessoa que usasse saias. 

 ― Paul, com certeza, ele perceberá seu talento. Edgar tem olhos críticos. Especialmente com homens. 

Exatamente. Ele não escolhia em relação às mulheres, mas com homens, definitivamente, separava como agia e de acordo com quem. Não estava apenas aproveitando seu tempo e brincando na sociedade, como colocava sua atenção em quem tinha poder e riqueza e se familiarizava com eles. Não importava o quão alto fosse o título que o nobre possuía, não poupava ninguém que só tinha um nome e que orgulhosamente tentava ascender, mesmo que fosse chamado de vulgar pelas costas. 

Todos os dias, havia mais e mais figuras proeminentes que visitavam a casa do Conde. Para Edgar, não era difícil conseguir a confiança de alguém que gostaria de receber um favor. E para aumentar o número de conhecidos, tornando-se famoso, mas por outro lado, era para se proteger. Se algo acontecesse com ele, toda Inglaterra cairia em comoção, então fazia com que seu inimigos pensassem duas vezes antes de fazer qualquer movimento. 

Mas, por imaginar que Edgar iria tirar vantagem de construir uma forte muralha ao redor dele e planejar sua vingança, deixou Lydia preocupada por ele aumentar o número de "amigos poderosos".

 ― Como você mesma diz, ele é amado por qualquer um.

Sim. Se era alguém que não conhecia o ele verdadeiro. 

 ― Talvez quando as pessoas o conhecem, ele se torna mais misterioso quanto mais você fala com ele. E ainda assim, isso só faz aumentar o seu interesse em saber quem ele é. Que tipo de pessoa é o Conde realmente? Lydia, você parece que o conhece mais do ninguém. 

"Ele é um demônio", mas ela não poderia dizer isso. No entanto, até Lydia não conhecia absolutamente todos os detalhes. Tudo que sabia era que, embora Edgar fosse um canalha, era um homem terrivelmente triste. Ainda lutava contra o seu destino. 

 Quando o vejo, lembro-me do meu passado. Pela primeira vez, visitei a propriedade de um nobre quando fui levado pelo meu pai, que era pintor. Era um palácio enorme, parecia que tinha saído de um mundo de um livro infantil. Tanto que acreditava que as pessoas nobres que moravam ali era descendentes de heróis que eram cantados em baladas. Especialmente, o filho pequeno, que tinha cabelos louros-dourados brilhantes, devia ter entre doze e treze anos, mas era um garoto que lembrava Adonis. 

A curiosidade de Lydia foi fortemente atiçada pela história. 

 ― Ele era parecida com... Edgar?

 ― Sim. A primeira vez que o conheci, pensei que ele era aquele menino adulto. Mas, essa família não era do Conde Ashenbert. 

Ela estava um pouco hesitante se perguntava ou não, no entanto, Lydia o questionou:

― Que família morava lá?

― Era uma família de um duque. Ele era o jovem filho do Duque de Silvainford. 

Família ducal? Era o posto mais alto existente. 

― Nessa idade, seria normal ele frequentar uma escola pública. Mas, aparentemente, ele tinha uma saúde fraca e possuía vários tutores enquanto ficava na mansão da família. 

Entretanto, ele tinha uma saúde fraca. Então, ele devia ser alguém diferente. 

― Meu pai foi contratado pelo duque e pintou o castelo, o jardim e os membros da família. Eu tinha uns dezesseis anos na época e não tinha desejo de me tornar pintor. Mesmo assim, fui obrigado a ir junto com meu pai como seu assistente, preparei sua pintura, fiz as telas dele...O jovem filho veio e observou como fiz. 

― E vocês se tornaram amigos?

― Sim, mas foram apenas alguns meses. O filho não tinha ninguém para brincar, então, devo ter sido o parceiro ideal. Ele entendeu minhas várias desculpas sobre desenhar, embora, não estivesse interessado em se tornar uma artista, alegou que tinha talento. Se tivesse sucesso como duque, ele disse que cuidaria de mim também. Embora, fosse uma criança, já estava rodeado de peças de arte magníficas e sofisticadas, e isso me deixava de bom humor. Eu era jovem, então, prometi a ele que me tornaria um pintor, mesmo não tendo talento. E sempre passei por um trabalho de concentração depois desse incidente. Mas, graças a isso, percebi que a pintura que meu pai havia criticado e me mantido longe era, na verdade, o que mais gostava de fazer. Ele, realmente, era um garoto justo e de bom coração que, de verdade, fazia perceber o que era uma boa criação. 

Mesmo nessa parte, Lydia queria inclinar a cabeça.

― É por isso que, quando soube que ele e os membros da família do duque morreram, fiquei chocado. 

No entanto, a ideia de que ele era uma pessoa diferente era facilmente mudada. Edgar dissera que ele era um homem que deveria estar morto. Ele foi roubado de tudo, seus pais, sua casa e seu nome. 

― ...Eles morreram? Mas, como?

― Ouvi dizer que foi um incêndio. Difícil de imaginar que as pessoas e aquele belo castelo, o jardim não existissem mais. Esperava mostrar minha arte ao filho mais do que a qualquer outra pessoa quando me tornasse um pintor reconhecido. 

Quando Lydia se deu por si, ela segurava firmemente os seus dedos trêmulos. 

― Oh, me desculpe! Trouxe à tona algo tão estranho para contar.

― Ah, não, de jeito nenhum. 

― Ah, mas o único ponto em comum entre o filho e o conde são os cabelos e olhos. 

Em outras palavras, uma vez que ele se familiarizou com Edgar, descobriu que ele tinha um personalidade completamente diferente do jovem filho da família do duque. 

"Eu me pergunto se sua personalidade de duas caras era uma característica desde quando ele era jovem". 

― Ah, se aquele menino ainda estivesse vivo, você acha que ele se lembraria de você?

Ele mostrou um olhar confuso à Lydia. Era uma pergunta estranha ainda mais que o menino estava morto. No entanto, ele respondeu a ela depois que pensou sobre isso. 

― Eu ficaria muito feliz se ele se lembrasse.



*****


Edgar, certamente, se lembrava dele. É por isso que ele ofereceu a Paul a chance de divulgar seu nome. Assim como Paul que se relembrou o garoto que conheceu na casa da família do duque, Edgar também estava se sentindo nostálgico. Ele protegeu Paul das fadas e permitiu que Lydia deixasse seu trabalho para família do Conde e o acompanhasse. Lydia, em primeira mão, experimentou o lado cruel e sem coração de Edgar, mas também sentiu que ele é alguém caloroso e compassivo. 

Ele se tornou cruel justamente por causa de seus companheiros que se apoiavam e sobreviviam nas situações mais desesperadas e perigosas. Não era de se admirar que ele valorizasse a amizade que tinha com Paul no passado. 

― Lydia, estou emocionado por me olhar tanto, mas ao menos, você poderia não franzir a testa enquanto faz isso?

Quando Lydia percebeu sua situação, ela estava olhando para Edgar como fosse ultrapassar a mesa que os separava. 

―  Eh, ah, oh, eu estava pensando...

― Se é sobre mim, então, não pense, vou responder. Qualquer coisa que você queira saber. 

Lydia estava almoçando com Edgar, algo incomum, em sua própria casa perto do meio-dia. Estavam só os dois no terraço iluminado pelo Sol. Paul continuava seus esforços para perder peso e, por acaso, ele se esquecia de fazer suas refeições enquanto se absorvia em sua obra de arte. Mesmo quando o convidavam para o jantar, ele respondia que sim, mas nunca aparecia. E é por isso que, agora, estavam apenas Edgar e Lydia. No momento em que ela pensou sobre isso, eles não conversaram apenas os dois desde a noite do baile, o que deixou Lydia nervosa, de repente. 

― Você costumava a ter problemas de saúde?

Ela abriu a boca em uma tentativa de fugir da situação, logo, acabou falando o que passava em sua mente. 

― Uh-hum. - respondeu Edgar sem hesitar. - Eu ficava preso em casa por causa da asma. Mas, quando tinha dez anos, minha mãe continuava terrivelmente preocupada. Então, não mostrei meu rosto para a maioria dos convidados que vinham para nossa mansão. 

― É por isso que ninguém o conhecia desde que entrou na sociedade.

― Embora, há uma pessoa.

Era Paul. Ele deve ter percebido que Paul havia dito algo para ela que fez com trouxesse isso de repente. 

―  Mas, não havia muitos servos? E tutores?

―  Meus professores e a equipe superior estavam intimamente familiarizados com a minha família, portanto, todos estão mortos. Os servos que sobreviveram não devem sequer conhecerem o meu rosto. 

Dizia-se que em uma propriedade que era operada por centenas de servos, além de poucos funcionários de alto escalão como o mordomo, a governanta, as criadas e o lacaio, os criados, normalmente, não entravam em contato com o dono da casa e sua família. 

― Mesmo se houvesse pessoas que se lembrassem daquele garoto, pensariam que eu não sou ele. Ele tem um túmulo. Há um corpo nele. Não sei de quem é. Bem, não é como se eu abrisse o caixão e me certificasse, mas há um corpo de uma criança não identificável carbonizado. 

Ele, propositalmente, disse assim para confundi-la e deu uma mordida no frango assado como não houvesse nada de errado. 

Ela imediatamente perdeu o apetite, abaixou a faca e o garfo, mas Lydia pensou por algum motivo que não deveria desistir. 

― A razão pelo qual você, aparentemente, não se aparece em nada com esse garoto é porque sua personalidade é completamente diferente dele. No mínimo, você deve ter sido alguém que não tinha um lado agressivo e arrogante e não provocou os outros ao redor.

Ele levantou o copo até a altura dos seus olhos e fixou no seu próprio reflexo. 

― Sim. Eu também acho. Muitas coisas me aconteceram. Fico confuso quando penso se sou a mesma pessoa daquela época. 

De repente, sua família foi assassinada e o levou para um país estrangeiro. Um homem chamado Príncipe tomou pose de Edgar por alguma razão desconhecida, e Lydia não tinha ideia de como fora tratado, no entanto, ele era um escravo, que não tinha liberdade e se vestia conforme sua vontade. 

Raven, que também foi mantido em cativeiro e escapou com seus companheiros que veio fazer amizade, deve ter adquirido o hábito de camuflar suas emoções e pensamentos para enganar seus inimigos, assim como sua determinação, seu lado cruel e, até mesmo, a desilusão para superar todas as situações perigosas. 

Mesmo que depois escaparem, tiveram que se esconder nas periferias da sociedade para fugir de perseguições de seus inimigos, lutaram e manobraram-se por meio de batalhas a fim de firmar seus territórios... em um campo de batalha bem próximo da morte. Não havia como se manter como um simples e inocente nobre. 

Como também não havia alguém que o auxiliasse, ele mudou a si mesmo para sobreviver e lutar para proteger Raven. 

― Não conheço o Edgar do passado, mas não gosto de seus modos de agora. 

― ...Você é realmente...

Ele estava prestes a dizer alguma coisa, mas fechou a boca. E então, deu um sorriso suave. Ela não conseguia adivinhar o que Edgar estava realmente pensando, mas quando ela se deparou com um sorriso tão feliz, Lydia sentiu-se aliviada. Ele deve ter mudado, mas deve haver partes que permaneciam as mesmas. 

Se fosse alguém que não conhecesse a experiência pacífica da felicidade, não importa quanto fizesse boas ações, provavelmente, nunca seria capaz de fazer este sorriso. É por essa razão que ela não conseguia pensar em Edgar como apenas um criminoso, queria ajudá-lo a reconquistar sua vida tranquila.

Ela esperava que ele pudesse cortar seu ódio pelo Príncipe e se tornar o Conde Ashenbert. 

― O que os humanos pensam quando queimam sua carne?

A voz que os interrompeu de forma súbita veio de Kelpie. Não tinham notado quando ele havia sentado na cadeira que estava reservada para Paul e rasgado um pedaço de frango assado com a mão. 

― Crua é muito melhor. 

― O que você está fazendo aqui?!

― Vim ver você. E então? O anel saiu do dedo dele?

― Mesmo que o anel tivesse sido retirado, não vou deixar você levar Lydia. 

Kelpie olhou para Edgar depois que disse isso. 

― Não abra a sua grande boca atrevida. Mesmo que você seja o Conde Cavaleiro Azul, não pode ver as fadas. Portanto, ter Lydia trabalhando para você é algo intolerável.

― Se você quer estar tanto ao lado dela, então, posso te contratar também. Pelo menos você sabe puxar uma carruagem, não?

Tratado como um cavalo, Kelpie tentou esfriar a cabeça quando atirou o osso da galinha. 

― Não sou um cavalo! Sou um grande e nobre cavalo-marinho!

Ele se inclinou e encarou Edgar com olhos ameaçadores. Lydia achou que Edgar foi audacioso em olhar diretamente para os olhos de Kelpie. Ele não devia conhecer a ferocidade dos Kelpies, pois os olhos sedutores de uma fada corrompiam corações e os desejos das pessoas. Houve até pessoas que desmaiaram de imenso medo. 

― Qual é o problema, Conde, se você está com medo, não deveria chamar seu servo?

A razão pelo qual Kelpie, que estava extremamente irritado, não atacar imediatamente Edgar foi provavelmente estava cauteloso quanto a Raven. 

― Se é Raven, ele não está aqui. 

E, mesmo assim, Edgar não hesitou em dizer isso. 

― Hmm... Logo, se eu quiser quebrar esse seu pescoço, não há ninguém aqui para me impedir. 

― Eu vou te parar!

Lydia estendeu o feitiço que afastava o mal na frente de Kelpie. Era uma bola de papéis arrancados da Bíblia. Seu rosto foi distorcido fazendo uma careta, como sentisse algum mau cheiro que se lançou na frente do seu nariz. Mesmo que Kelpie não gostasse de coisas sagradas, apenas isso o afetava a esse nível. 

No entanto, ele não devia ter pensado seriamente em atacá-lo, e assim ele recuou. 

― Você não tem vergonha em ser protegido por uma mulher?

― É verdadeiramente excitante ver Lydia expulsando homens que vêm atrás dela por minha causa. 

Ele não estava errado, porém, não parecia certo.

―Lydia, o que há de bom nesse tipo de fraco com uma boca grande? Entretanto, se você pensar com cuidado, eu sou a melhor escolha. 

― É claro que ela escolheria um humano do que um cavalo. 

― Já te disse que não sou um cavalo! Ei, Lydia, deixe isso claro! Eu ou ele, o que você escolhe?

Ele diz escolha, mas que tipo de escolha é ter entre uma fada devoradora de homens e ex-criminoso galanteador?

― Ei, vocês dois, o que estão falando?

O favorito de Lydia é o pintor de fadas. - murmurou Edgar. 

― O que você está dizendo?

― Você aceitou a ser modelo dele, não é? Mas, você disse que não queria...

― E foi assim que as coisas aconteceram. 

Quando ela foi à expedição do esboço, ele perguntou se poderia desenhá-la, ela simplesmente sentou na grama e se posou. Não havia nenhum motivo específico para recusar. 

Não seria algo como ele fosse pintar Lydia, e se fosse só usar o esboço para fazer uma pintura de fadas? Não era para se preocupar. 

Sir Kain, é por essa razão que não sou aquele com quem você deveria se importunar. 

― É verdade? Meu rival é aquele homem que roubou a minha "Lua". 

"Roubou? Está mais para você forçá-lo".

― Edgar não diga algo tão irresponsável. 

― Se você tiver sentimentos por ele, então, serei um homem e me retirarei. Pelo menos, não quero ser odiado. 

Se ele disse isso, não havia nada para Lydia refutar. E caso ela falasse algo errado, iria parecer que estava desesperadamente tentando esclarecer o mal-entendido de Edgar entre ela e Paul. Mesmo que ele entendeu mal, era um desejo de se tornar realidade e parasse de fingir cortejá-la apenas por diversão. 

"Tudo bem que Paul é um bom homem, mas não existem garantias que cresça sentimentos por ele". 

Mas, por alguma razão, ela ficou desapontada por ele não estar com ciúmes. Parecia um pouco frustante não poder ouvir os galanteios descarados de Edgar em relação a ela. "Ah, não, isso seria impossível. Estou apenas surpresa, é tudo". Ela entrou em pânico e deu uma desculpa, mas Lydia percebeu algo. Edgar, talvez, não queria ser odiado por Lydia, porém, talvez não quisesse ser odiado por Paul. Até mesmo a luta com Kelpie para quem conseguisse ter Lydia era apenas um jogo de palavras de brincadeira para ele aproveitar e se divertir. No entanto, ele não tinha intenção de participar desse tipo de jogo com Paul. 


Ele não tinha nenhuma intenção séria de lutar por Lydia, logo, não deveria haver motivo para desagradar Paul. Lydia perdeu as forças e caiu sobre a cadeira. Bem, isso é uma bobagem.

"Eu estava perfeitamente ciente de que o modo que Edgar cortejava e suas palavras doces não eram realmente sérias desde o início".

― Oh, ótimo! Portanto, não é como estivesse falando sério sobre Lydia. 

O simplório Kelpie abriu a boca e disse esse comentário tão imprudente, o que piorou o cansaço de Lydia. É por essa razão que ela não notou que humor de Edgar se transformou de modo mordaz e se armava silenciosamente.

Enquanto observava Kelpie pegar com a mão cheia o pão, Edgar deslizou um de seus pratos que não havia tocado em sua direção. 

Sir Kain, prove também se quiser. 

Mesmo se ele dissesse que aquilo tivesse um gosto ruim, o Kelpie ganancioso engoliu a refeição elegante em apenas uma bocanhada. E, então, a cor de seu rosto mudou rapidamente e ele se levantou.

― O que é isso que você me deu?!

― Patê de fígado.

Fígado, um órgão que Kelpie nunca come. Mais perto de dizer, a cor sumiu do rosto de Lydia. Ela não tinha ideia do que acontecia se você irritasse seriamente um Kelpie. Mesmo que este lugar fosse o jardim do Conde onde a magia era difícil de ser conduzida, se um selvagem fosse solto... Lydia não seria capaz de detê-lo. A sua parte traseira tremia de raiva, sua crina e cauda cresceram. Sua forma de cavalo estava prestes a ser finalizada. Mesmo assim, Edgar ainda falava como se não houvesse nada de errado. 

― Você sabe, é perigoso colocar algo na boca sendo que foi oferecido por alguém que não se pode confiar. 

― Como você se atreve? Da próxima vez que te ver, vou despedaçá-lo em mil pedaços! 

Kelpie pulou do terraço como fosse uma rajada de vento. Parecia que comer fígado o deixou surpreendido e ele entrou em pânico, quase deixando-o louco. Lydia sentiu-se aliviada do fundo do coração, mas, ao mesmo tempo, queria colocar as mãos na cabeça. 

― O que você está pensando? Não é nada corajoso se você estivesse alheio ao perigo!

― Ele era o único que não estava me levando a sério. 

O leve sorriso que deu veio da mais profunda escuridão que ele normalmente não demonstrava. Ele não estava alheio ao perigo, simplesmente não estava com medo. Pelo menos para ele, se uma criatura pudesse tirar sua vida não lhe metia medo. O que mais ele temia era a existência de seu inimigo que o mantinha vivo enquanto roubava tudo que tinha. 

― Perdoe-me, my lord

Paul apareceu no terraço e Edgar voltou seus olhos para ele já com uma alteração que começou com um sorriso generoso e satisfeito, tão típico do conde. 

― Paul, receio que sua refeição foi devorada pelo senhor Kain. Vou pedir para que preparem um prato para você. 

― Oh, não, está tudo bem. Mas o mais importante, my lord, tenho um pedido a lhe fazer.

― O que seria?

Depois de um pouco de hesitação, seu rosto mudou para determinado quando abriu a boca.

― Posso dar uma olhada na espada do Lord Cavaleiro Azul?

Segundo a lenda, a espada foi concedida junto com a irmandade do Rei da Inglaterra, Eduardo I, ao fundador da família do Conde, o Lord Cavaleiro Azul. Era uma peça rara que servia como prova do herdeiro da família do Conde. A razão pela qual Edgar, que não tinha relação com a família Ashenbert, foi aceito como Conde de Ibrazel foi a obtenção da espada. E Paul ao dizer que desejava ver a espada também poderia ser porque queria ver o tesouro familiar. 

― Com relação à pintura que você me pediu, quis criar uma pintura de fadas baseada na história do Conde Cavaleiro Azul. E se sim, pensei que deveria retratar a espada lendária também. 

Ele deve ter pensado que seria algo imprudente para se perguntar, enquanto continuava a falar de uma maneira nervosa. 

― Oh, uh, não faria nada como tocar ou sujá-la. Só vê-la seria o suficiente. Contanto que possa tirá-la da cabeça. Estava pensando em apenas uma pintura de fadas comum, no entanto, não estaria apta em ser exibida nesta grande casa, por isso, estava ponderando sobre isso em minha mente e veio a ideia. 

Poderia ser apenas a imaginação de Lydia, mas ela achou que tivesse visto os olhos de Edgar estreitarem enquanto olhava para Paul. Entretanto, ele respondeu como se nada estivesse errado.

― Vá em frente. Se isso significa que sua pintura ficará ainda mais magnífica. 

Paul relaxou os músculos ao redor de seus lábios como a tensão fosse liberada e abaixou a cabeça, mas por alguma razão, Edgar não mostrou um sorriso. 

Nota da tradutora: Acredito que algumas passagens você conheça do anime, principalmente o bate-boca entre Kelpie e Edgar (adoro a cena como um todo!). E tem também a aparição de Sweetpea, mas o contexto é um pouco diferente do que é mostrado no anime.
O final deu para mostrar que vem muita treta por aí^^ Fique de olho que em meados de janeiro ou fevereiro chega o quarto capítulo.
Beijos, muito obrigada! Prestigie, nos divulgue ;)


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