quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A estrela é a marca do Conde - Capítulo 7 - Volume I - Hakushaku to Yousei Light Novel

Nota de abertura: Último capítulo e muitas emoções! E ah! Dedico à Vanessa e a Lucy Messias que têm nos acompanhado! Superobrigada, meninas! 

Mergulharam na lagoa, que aparentemente parecia rasa. Lydia e Nico adentraram nas profundezas de um misterioso mar. Mesmo que parecesse o oceano, eles estavam no território das fadas. Era um reino separado, cortado por águas profundas, porém eles podiam respirar perfeitamente e não se preocupar em se afogar. A água não estava gelada e não ensopava suas roupas.

Ela apenas sentiu a leve sensação como estivesse flutuando e a pressão constante lhe dava a impressão de andar sobre a água. Um cardume de peixes azuis passou na frente deles. Lydia seguia atrás de Nico, como fosse norteada pela fraca luz incandescente que ficava entre eles.

Era a cidade dos merrows. Havia edifícios que pareciam casas alinhadas em uma colina, decoradas com conchas e algas marinhas. Acima deles havia um luz resplandecente que poderia ser as almas dos pescadores recolhidas pelos merrows.

― Olhe, uma humana.

― Está caminhando livremente.

― Então, isso significa que não é uma de nós.

― E o que aquela pequena criatura é?

― Parece uma fada.

Tsc! Não estamos aqui para uma exibição! – murmurou Nico, irritado.

Ela podia jurar que havia uma série de merrows os observando furtivamente nas rochas. As merrows tinham a parte superior do corpo exatamente como uma humana. Na verdade, era mais atraente do que uma humana, com a metade inferior do corpo coberta por barbatanas e escamas, assim como os peixes. Algo como saísse de um conto de fadas. No entanto, o rosto e os braços dos machos eram cobertos de escamas e barbatanas pelas costas. Os homens pareciam mais como peixes.

Diante de uma multidão de merrows atônitos, Lydia parou.

― Com licença. Havia um humano que foi trazido para cá? Alguém o viu?

― Se sua alma não foi retirada, então, ele foi levado para o campo.

Ela dirigiu-se na direção que eles apontaram. Não demorou muito para que uma colina coberta de algas verdes aparecesse à vista. Um cardume de peixes circulava pelo campo. Lydia imediatamente avistou uma figura de cabelos louros olhando de modo atordoado para ele.

― Edgar! Graças a Deus! Eles ainda não levaram sua alma.

Ele se virou para encarar Lydia quando ela correu para ele, como se não cresse no que estava vendo.

― Não posso acreditar que você apareça em meus sonhos. Então, você estava realmente com raiva de mim?

― Este não  é um sonho.

― Não, é um sonho. Porque estou no fundo do mar, observando silenciosamente os peixes nadarem por mim. Além disso,  não importa. Eu mesmo me belisquei, mas não doeu.

― Bem, sim, aparentemente essa situação pode parecer um sonho. Mas, não estou em um sonho agora...

Por outro lado, Edgar apertou a bochecha de Lydia.

Ouch! Isso dói! O que você está fazendo?

― Você está certa. Afinal, o que está acontecendo?

― Ah, não importa! De qualquer  forma, você vem comigo. E para seu governo, vim salvá-lo!

Lydia puxou-lhe a manga, mas ele a parou e não se moveu de onde estava.

― Me salvar? Mesmo que saia ileso, não há esperanças para mim. Ermine morreu, e eu não tinha poder suficiente para salvar Raven.

― Raven ainda precisa de você!

― Se ele fosse levado para o Princípe,  só usariam o espírito que está nele e me obedece para coisas ruins.

― Portanto, você não precisa ser capturado.

― Não te disse que é inútil? Mesmo assim, tive a impressão que estávamos escapando de suas garras, no entanto, ele só nos deixou vagar livremente. E mesmo com você, usei um truque sujo. Então, não há nenhuma razão para me salvar.

― Logo, você admite que estava me enganando.

Lydia sentiu uma decepção amarga, mas também pensou que se fosse esse o caso, então, ela realmente não poderia deixá-lo morrer.

― Se você morrer, nunca irei te perdoar. Porque você se cortou não foi em relação a mim. Foi porque você percebeu que não havia nenhuma estrela na safira da espada, não é? 
Como não tinha nenhuma estrela na safira, então, isso seria a prova de que você não servia para ser o conde. E assim, achou que todos os seus esforços foram inúteis e perdeu toda esperança.

Edgar olhou para Lydia com olhos escuros, graves e sorriu enquanto deu um suspiro.

― Você está realmente certa. Mas, ainda...

― Vou fazê-lo se arrepender com todo o seu coração de que você tentou me matar. Você verá que sacrificar as outras pessoas com sua atitude arrogante fará com que todas as coisas ruins voltem contra você! Por isso, lhe darei o que você nunca teria conseguido se tivesse me cortado naquele momento!

― ...

― Não posso prometer que irá correr tudo bem. Mas, se fazer isso, então, é melhor que se arrependa de todo coração.

Ela lhe deu outro puxão na manga, enquanto ele a encara terrivelmente incrédulo e ainda tropeçava.

― Oi! Agora, não podemos liberá-los como bem entender.

Um merrow que parecia um zelador dos campos apareceu e parou Lydia.

― Não estou fazendo por uma razão simples. Eu preciso negociar em relação a ele. Portanto, diga-me quem é o responsável por zelar pela espada do conde.

Ao mostrar a espada que segurava, o zelador encolheu os ombros e apontou para uma residência em cima da colina.

― É uma pena para humanos, se todas as fêmeas fossem teimosas e preferissem que suas almas se tornassem iluminadas.

Ela observou quando o merrow olhava com pesar para Edgar, que deixou escapar um sorriso amargo. E desse modo, ela saiu dos campos com raiva.

― Bem, perdoe-me por ser teimosa.

― Na verdade, eu adoro essa característica sua, em que diz as coisas diretamente.

― Não prometo que ficaremos bem, mesmo que você me bajule.

― Você deve estar brincando, Lydia. Ainda temos tempo para voltar para trás. – sussurrou Nico, ao mesmo tempo em que pulava no ombro de Lydia.

Quando ele percebeu que ela não mudaria de ideia, se virou para encarar Edgar.

― Ei, você! Seu cruel! Mesmo que você saía disso vivo, não pense que estará salvo. Não ficarei satisfeito até que os brownies puxem cada fio de sua cabeleira loura.

― Nico, isto é inútil! Eu que pediu a Edgar a fazer um caminho para eles. Eles não fariam algo contra alguém que os ajudou.

― O QUÊ? Você está me dizendo que ele lhe deu uma mão nisso? Que inferno! Então, este é o ponto, vir até para salvá-lo? Não há uma razão para estar aqui!

― Sinto muito pelo que fiz, Nico. Até que o pelo de sua cauda cresça novamente, vou comprar um casaco longo e lhe dar de presente para escondê-la.

Talvez por pensar que ele estava em um sonho, Edgar aceitou o fato de falar com Nico sem hesitação.

― Você está falando sério?

Assim que escutou a palavra casaco, Nico suavizou sua atitude.

― Sim, eu prometo. Claro que assim que nós voltarmos.

Depois que chegaram no topo da colina, atravessaram o portão coberto por estrelas-do-mar. Eles foram recebidos por um cortina de medusas sobrepostas em forma de laços.
Do outro lado, apareceu um merrow. Era a jovem que encontraram no castelo do Conde Cavaleiro Azul. Ela olhou para Lydia e Edgar, e soltou um suspiro preocupado.

Fairy doctor, qual é o significado disso?

― Você que está no comando aqui?

― Não, meu pai.

― Eu gostaria de conhecê-lo.

― Por favor, siga-me.

Eles foram levados para uma sala. Não havia telhados na casa dos merrows. E quase não existiam paredes. Apenas pedras e pilares, arcos feitos de ossos de animais marinhos alinhados um ao lado do outro e separados por algas marinhas e cortinas com conchas.

O merrow que era seu pai estava em uma sala que apresentava um pilar particularmente bonito, decorado de conchas de ostras com pérolas.

― Lydia, você tem certeza que está tudo bem? Ele parece que merrow cabeça-dura. – sussurrou Nico.

Hmmm. Quem sabe?

Lydia mostrou seu respeito fazendo uma reverência. Edgar apenas sustentava um olhar de curiosidade para o forte merrow. E Lydia não se importava tanto com seu comportamento.

― Meu nome é Lydia Carlton e sou uma fairy doctor.

― Qual é o seu propósito?

― Eu vim recuperar a estrela merrow. – e ao dizer isso, ela ergueu a espada.

― O conde a tem. Você deve ter ouvido que como conde não retornou, não poderíamos colocar a estrela na safira.

― Há algo a mais que você pode fazer? Se essa safira já foi chamada de estrela de merrow, logo, isso não significaria que sua gente já colocou a estrela nela?

― Está certa. Como sinal de vínculo entre o Rei e o Lord Cavaleiro Azul,nosso antepassado, foi colocada a estrela na frente deles. Mas, só por ter acontecido no passado, você quer me dizer que a estrela deve ser colocada novamente? Nós não podemos, porque não há um conde.

― Ele é o conde. Ele obteve a chave de ouro e prata, resolveu o enigma e chegou ao esconderijo da espada. Seus merrows prometeram que aceitariam um novo conde assim que tivesse cumprido as condições da promessa feita com o conde no passado.

Edgar encarou Lydia surpreso, mas não abriu a boca.

― No entanto, ele não cumpriu a última condição. O sangue foi derramado pela espada. Esse foi o problema.

― Por que você colocou a condição de testar a espada ali? Essa não era a condição original, mas um meio de proteger o herdeiro do conde de todas as conspirações possíveis, não era?

O merrow ficou em silêncio, enquanto isso, Lydia escolheu as palavras cuidadosamente e continuou:

― Poderia haver a possibilidade de alguém tirar proveito daquele foi descendente do conde. Poderia haver a chance de alguém enganar e acompanhá-lo para colocar as mãos na pedra preciosa. Mas, esta espada é feita de magia. Não poderia prejudicar o herdeiro do conde e seus cúmplices fiéis. Estou errada?

― ... Você está completamente certa, filha da Terra. Tivemos todos aqueles que vieram reclamar a espada e se autodenominavam como Conde para testá-la. Se houvesse aqueles que derramaram sangue pela espada, logo, também era nosso dever removê-los. Se ele fosse o verdadeiro conde, portanto,  não interpretaria mal o significado de trocar uma estrela. Não existia nenhuma maneira de trazer alguém como sacrifício e os únicos que deveriam acompanhá-lo, eram os que ele mais confiava. Porém, se existisse a possibilidade de alguém derramar seu sangue, isso prova que tinha alguém com má intenção no grupo. Caso o verdadeiro conde estivesse nesse grupo, ainda seria de suma importância que os merrows protegessem o conde e removessem os perversos.

― Nesse caso, renunciar à espada em troca da alma daquele que derramou sangue sugere que você e seus desejos torceram sua promessa com o conde.

― Nós agimos de acordo com a promessa. Se você dizer que não, então, filha da Terra, isso significaria que teríamos que recuperar a espada que você tem em mãos e arrastar todas as almas dos presentes para o fundo do mar.

Aaah, talvez tenho sido tola por pensar que poderia buscar um acordo com os merrows. Isso é ruim. Preciso pensar em algo”. Lydia entrou em pânico e tentou buscou traçar algum plano em sua cabeça.

― Isso é... Isso não deveria ser o propósito original dos merrows. Seria um infortúnio para suas vidas e as pessoas da ilha continuarem a esperar para sempre o descendente do conde, que poderia ter morrido no exterior.

Lydia engoliu a ansiedade, que acumulava em sua garganta. Ela precisava de alguma forma levá-los a consentir sua ideia.

― Portanto, eu gostaria de pedir que o aceitasse como seu novo conde.

O merrow encarou Edgar com olhos abertamente irritados.

― Você quer me dizer que devemos aceitar um ladrão?

― Sim! Ele pode ser um ladrão e tratar os outros como não fossem nada, entretanto, a mais importante e única qualidade é que ele nunca irá abandonar seu dever de um nobre.

― Somente um fator é algo grosseiro, você me entende?

Não dando atenção a Edgar, Lydia continuou.

― Não é esse o tipo de dever que você deseja de um lord feudal dos merrows? Ele assumirá todas as responsabilidades, inclusive que seus súditos possam continuar a viver nesta ilha.

― Aguarde apenas um momento, Lydia.

― Você diz que não é capaz de fazer isso, mas você pode! Este é o ponto. Você tem ideia de qual número de fadas que vivem em seu feudo?

― Bem, sim. Mas, a aceitação do merrow não me tornará o seu lord.

― Então, tudo que precisamos é a estrela da safira.

― Se você declara que precisa tanto da estrela, gostaria que você entendesse nossa situação, fairy doctor.

― Evidente.

― Você aceitará nosso dever de agir como prometido com Conde Cavaleiro Azul?

― Sim.

― Lydia, não!!! – Nico gritou de repente.

Era armadilha para uma barganha definida pelo merrow. Já era tarde demais quando Lydia se deu conta disso. Ela olhou para baixo e viu a água se rastejando em volta dos seus pés.

― Nós também podemos aceitar sua oferta. Você irá ter a estrela. No entanto, em troca, a alma de uma fairy doctor é muito mais valiosa do que uma mera alma humana.

O que era mais importante para os merrows é que eles não rompessem a promessa com conde. Lydia pretendia aproveitar disso e tentar forçá-los a aceitar Edgar como conde, mas eles tiraram os seus pés do chão. Parecia que os merrows estavam teimosamente com a ideia de que a negociação da estrela envolvia uma alma humana. Mesmo que houvesse um mérito fazer Edgar como conde, eles implicavam que não existia nenhuma promessa referente à nova estrela.

― Espere! – gritou Edgar e ficou na frente de Lydia. ― O verdadeiro significado do contrato que vocês fizeram foi a de aceitar a estrela do herdeiro do conde e gravá-lo na safira, não é? Então, você deve trocar a minha estrela.

Lydia ficou surpresa e entrou em pânico quando ouviu o que ele dizia.

― Sim, mas você não tem nenhuma estrela.

― Pois faça com esta aqui.

Edgar abriu a língua como uma criança e mostrou-lhes a marca da cruz. Parecia muito doloroso olhar o que ele chamava de estrela, e Lydia não conseguia encará-la.

― Pode ser que não seja a estrela do Conde Cavaleiro Azul, mas o objetivo é manter a honra de não quebrar a promessa, certo? Então, tudo bem desde que aceitamos as formalidades. Desta forma, não precisamos mudar a interpretação e os merrows podem agir exatamente como foi prometido.

― Que maneira interessante de pensar.

― Assim como Lydia disse no começo, protegerei o seu direito de viver na ilha. Claro, se você me aceitar.

O modo em que Edgar falou em uma atitude tão firme e resoluta fez com ele se assemelhasse ao Lord Cavaleiro Azul, o qual, em algum momento, desafiou os merrows.

O merrow parecia que refletia sobre suas palavras, mas foi apenas por um pouco tempo. A água enlameada que afundava os pés e as pernas de Lydia, rapidamente, se retirou.

Hmmm. Uma estrela treta. Bem, deve servir. A estrela da safira é uma estrela penta, mas não há nenhuma regra em relação à estrela merrow deve ser desse formato.

Barulho de mar envolveu Lydia e Edgar.

― Peço ao novo Conde Cavaleiro Azul que não se esqueça de que merrows se tornaram seus súditos.

― Está vindo uma onda!

 Nico agarrou a saia de Lydia. Ao mesmo tempo, Edgar puxou Lydia contra seu peito.

― O que você está fazendo?

― Parece que isso se tornará perigoso.

― Estou bem.

― Não, para mim.

― Hã?

― Não parece que estarei mais seguro se me agarrar a você?

― ...Espere! É muito mais que estarmos abraçados!

― Também queria expressar meus sentimentos de gratidão. Por se jogar na frente para salvar a minha vida.

― Não entenda errado! Só fiz o meu trabalho... Além disso, minhas defesas estavam fracas e, por isso mesmo, fui aproveitada.

Apertou-a com força contra ele. Se encontravam em uma posição em que a sua bochecha se encostava ao ombro dele. Mas, Lydia, de repente, sentiu seu corpo relaxar e lágrimas rolaram seu rosto. Ela realmente pensou que não conseguiria.

― Essa parte sobre você é tão...

Ela não pôde ouvir tudo que Edgar dizia, enquanto que a maré violenta os engoliu como fosse um animal feroz.

*****

― Senhorita... Senhorita, você está bem?

O corpo de Lydia tremia, e ela gradualmente abriu os olhos.

― Graças a Deus, ela está acordando.

Havia dois homens desconhecidos olhando para Lydia, que estava deitada no quarto de alguém.

― Você foi encontrada desmaiada na costa. Embora, nós fomos os únicos a achá-los, o dono desta casa nunca os viu. E você não parece residente desta ilha, então, isso significa que é miss Lydia Carlton?

Lydia não estava completamente acordada, mas, assentiu lentamente.

― Sim, sou eu. Quem é você?

― Somos a polícia desta província. Recebemos o relatório da polícia da cidade de Londres sobre a possibilidade que você estava sequestrada e confinada, nesta ilha, Mannor, e por isso que viemos investigar.

― Parece que há dois dias, seu pai, sir Carlton, apresentou uma queixa.

Então, seu pai notificou à polícia antes de vir para cá com os irmãos Gossam. Lydia sentou-se rapidamente. Nico, que estava do seu lado, soltou um suspiro. “Onde está Edgar?”.

― Por outro lado, gostaríamos de perguntar sobre o homem que foi encontrado desmaiado na margem com você. – disse o policial, que se virou em direção da porta aberta do quarto ao lado. Lydia curiosamente acompanhou o seu olhar e pode ver Edgar deitado na cama com olhos fechados. O policial aproximou-se e o encarou com desconfiança.

― Ele compartilha da mesma descrição que o ladrão que invadiu a residência de Gossam. Fora dito que ele a sequestrou.

― Uh, não. É...

Enquanto Lydia lutava para falar, um dos policiais notou a espada que estava presa na parede perto da lareira. Se a espada do Conde Cavaleiro Azul fosse deixada em um local nua como estava em uma casa como essa, parecia mais pomposa e imponente do que quando se encontrava na caverna quando aparentava desconectada da realidade.

― Esta espada é antiquada para nosso tempo. Você talvez estivesse sido ameaçada por uma arma perigosa como esta?

― Não toque nela.

Edgar sentou-se fatigado e de maneira lenta no quarto ao lado.

O policial deve ter ficado surpreso com a sua presença afiada e decidiu colocá-la de volta em seu lugar. Mas, se recuperou, voltou-se para ele e perguntou:

― Hum, você acordou também. Com licença, mas posso perguntar o seu nome?

My lord.

Naquele momento, a porta da frente abriu-se. Era o estalajadeiro, com semblante abatido, sir Tompkins, o mordomo da família Ashenbert. O mordomo parou quando viu Edgar e, rapidamente, se endireitou, acenou com a cabeça para cumprimentar os policiais e logo após, caminhou até seu novo mestre. Ajoelhou-se diante dele.


― É um prazer recebê-lo de volta, my lord.

Muitos dos mordomos da família devem ter esperado o dia para dizer isso. Porque, ele parecia bastante emocionado.

― Por favor, perdoe-me por esta roupa tão casual. O dono desta casa me informou que o lord estava aqui, mas foi tão repentino que corri imediatamente para verificar que milord voltou vivo.

― Tudo bem. Não se preocupe com isso.

― Só um minuto... Isso significa que esse cavalheiro é...  – questionou o policial, ainda com uma cara desconfiada.

― Este cavalheiro é Conde Ashenbert, senhor desta Ilha Mannor. – respondeu Tompkins.

― Isso é verdade? Nunca ouvi dizer que o senhor morava nesta ilha.

― Sim. Ele esteve longe há muito tempo.

― Tompkins, poderia me trazer um copo de água? – ordenou Edgar, como não se importasse com questionamento da polícia e desse uma ordem ao mordomo, de modo que fosse seu costume. Claro, que devia ser habitual, ele ordenar as pessoas ao redor.

― Sim, imediatamente. – respondeu o mordomo e foi para cozinha todo feliz.

― Então, my lord, poderia explicar como conheceu a senhorita Carlton e como os dois acabaram na costa? Um relatório foi arquivado que ela havia sido sequestrada.

― Este homem apenas salvou minha vida!

Ela deixou escapar sem pensar porque teria encobrir um criminoso como ele. Mas, no final, Lydia tomou a decisão por si só de acompanhar Edgar. Mesmo, sem perceber escondia um plano aterrorizante para ela. E ainda assim, quando descobriu, não podia fugir.

Para completar, foi atrás dele nas habitações dos merrows para salvá-lo, logo, não tinha a intenção de entregá-lo à polícia neste momento.

― Quem tentou me sequestrar foram os oito irmãos da família Gossam. Acredito que estejam ainda inconscientes no subterrâneo do castelo. Por favor, prende-os.

― Oito homens desmaiados em uma sala subterrânea? My lord, você era o único a enfrentar corajosamente esse número?

Edgar mexeu a cabeça negativamente e olhou para Lydia como se tentasse encontrar uma resposta para a pergunta.

Ummm... Seriam meus amigos.

― Se não fosse demais, gostaríamos de fazer algumas perguntas.

Lydia não sabia como responder a isso. Se ela dissesse que eram fadas, então, eles iriam rir dela. Ao ver Lydia assim, Edgar descobriu e respondeu a eles.

― Isso seria impossível. Eles são fadas.

E sorriu para Lydia como amigos que compartilhavam um segredo.

O policial olhou para ambos de modo duvidoso. Ocorreu outro alvoroço barulhento na entrada. Agora era Carlton, acompanhado por Raven.

― Pai!

Lydia correu para o pai e pulou em seus braços. Os dois ficaram felizes por se reverem em segurança. Ela também conseguiu ver por soslaio que Edgar e Raven apertavam as mãos fortemente. Sabia que, para os dois, não era um fim que pudesse ter alegria. A perda de Ermine ainda perdurava. Porém, Lydia não foi morta por Edgar. Talvez a morte de Ermine tenha sido capaz de ensinar a Edgar o desejo desesperado de Lydia em salvar seu pai.

Talvez seja por isso, que, muito provavelmente, Edgar não cortou Lydia, mas a si mesmo. Não era apenas por se desesperar em não haver uma estrela na espada. Possivelmente, nem tudo era uma mentira. Como quando ele disse a ela que não conseguia mentir de forma habitual enquanto se cortava com a espada. Não querer machucar os outros tanto quanto possível, também deve ter sido o verdadeiro desejo de Edgar, e por essa razão, que ele deve ter cumprido a promessa de ajudar Lydia e seu pai. Ou, assim, ela esperava.

― Ei, Lydia. Saia e olhe.

Com a voz de Nico, ela finalmente se afastou de seu pai. Carlton foi parado pelo policial que esperava ansiosamente que eles terminassem sua animada conversa e o bombardearia de perguntas. Depois que Lydia ouviu que seu pai contou que ele e Raven foram amarrados pelos irmãos Gossam no portão do castelo, ela caminhou para fora da casa.

A vista do mar se mostrou diante dela. Completamente diferente de quando chegaram à ilha, as ondas lavavam calmamente as costas. Ela pôde ver um grupo de brownies remando um navio sobre as ondas. Sentiu que certamente eles iriam e voltariam entre o continente e a ilha seguros, do mesmo modo que faziam no passado. Lydia observou Nico correr até eles para lhes dizer que viria vê-los. Ela se virou para voltar para casa.

Ela apanhou a espada do Conde Cavaleiro Azul que tinha sido colocada contra a parede perto da lareira e reparou que havia uma estrela em forma de cruz que brilhava no meio da safira.

― Isso foi tão mágico. Ainda acho que tudo que aconteceu foi um sonho. No entanto, essa pedra preciosa prova que era realidade.

Ela não tinha percebido que Edgar estava ao seu lado. Embora, ele estivesse tão perto dela, lembrou-se de como estavam abraçados, um bem próximo do outro, o seu coração disparou sem motivo. Para Edgar, aquilo deveria ter sido apenas uma parte do sonho em que ele estava, mas para Lydia, aconteceu realmente.

― Então, você está arrependido nem que seja um pouco, agora?

Mesmo que fosse apenas para reduzir o constrangimento, sabia o que ela dizia era de uma maneira nada fofa.

― Sim. Aprendi que se estiver com alguém de coração suave, logo, o que você não espera, pode acontecer. Descobri que estar com esse tipo de pessoa não dá seguir o plano conforme pretendia, e de alguma forma, você não se sentirá bem e quase a mata. 

Mas, Edgar não era doce quando dizia com aquele sorriso que era só dele. Parecia que ele estava a chamando para a briga. 

― Espera só um minuto! Você está fazendo graça dizendo que sou crédula e facilmente manipulável?

― Não, não! Estou muito agradecido. Além disso, gostaria pensar que houve algo especial entre nós. Parece que você nunca poderia me desertar.

Ele deu um olhar sedutor para Lydia, que a fez balançar.

―  Ah... Já lhe disse para não ter uma ideia errada.

― Mas, você sabe, uma garota normalmente não deveria seguir e salvar o homem que estava tentando matá-la. Porém, mesmo que esteja errado, ficaria muito contente.

― Eu só queria que você se arrependesse do que fez!! E, no entanto, qual é a sua atitude depois que fui e salvei você? Geralmente, é um grave erro pensar sobre as coisas que não saíram como planejado e impor às pessoas fazerem o que você quer! Isso prova que você é insensível!

― Bem, não acho que perdi alguns pontos para que você confie em mim. Se você não soubesse a verdade, não acha que você se apaixonaria por mim?

Mesmo quando ela foi tratada com sua excessiva maldade, quase foi dominada por seu gracioso sorriso. “Geesh! Não se dá para esperar grande coisa dele!”.

― Você é realmente um patife arrogante! Fui errada em pensar que você tinha alguma compaixão. Escute com clareza, nunca te perdoarei, e pretendo não perdoá-lo jamais!

Lydia passou por ele.

― Espere!

― É tarde demais para encobrir...

― Deixe a espada aqui. Ou não serei capaz de cumprir a promessa com os merrows.

Lydia não pôde deixar de resmungar. Ela atirou a espada nele.

― Você ficaria feliz enquanto tiver a espada, certo? Então, aqui. Nunca apareça na minha frente, novamente! Entendeu?

Mostrando a sua rendição, Edgar ergueu as mãos. Esse gesto parecia que ele ainda estava zombando dela, o que aumentou a sua raiva.

Dizendo “Adeus” enquanto ofegava, Lydia se virou para ir embora. Ela puxou o pai que estava conversando animadamente com os policias e saiu de casa.

― Pai, vamos nos apressar. Quero esquecer todas as coisas ruins que aconteceu!

― Ela realmente mostra a sua raiva de forma direta. É algo revigorante.

Ele ouviu o que Lydia reclamava enquanto estava perto o suficiente para que ouvisse, pegou a espada ao mesmo tempo que se estreitava parecendo se divertir.  Raven se aproximou dele.

Lord Edgar, por que disse de forma proposital algo que poderia irritar a senhorita Carlton?

― Acredito que é para esconder o meu embaraço.

Um-hum.

― Porque eu disse a ela que um lado dela é fofo enquanto a segurava.

― Isso não é tão embaraçoso. Creio que você disse coisas mais constrangedoras do que fala diariamente.

― Você não entende, Raven. É fácil dizer algo se você não quer mencionar.

― ... Então, não seria inútil cortar se ela cortasse os laços com você?

Edgar deu riso destemido.

Porém, ele interrompeu o seu sorriso e calmamente abaixou os olhos em uma expressão desanimada.

― Não devo me restringir por um tempo?

Raven ficou em silêncio com sua expressão habitual, mas se olhássemos de perto, havia uma mistura complexa de confusão e tristeza em seus olhos. Edgar colocou a mão no ombro dele.

― Vamos pegar algumas flores para prestar uma homenagem a ela.

*****

― Oh, meu Deus! Qual é o significado disso?

Duas semanas se passaram desde que Lydia e o seu pai voltaram para a residência dos Carlton em Londres e passaram a Páscoa juntos. Quando Lydia agarrou o jornal soltou um enorme grito.

Um artigo de jornal noticiava que o herdeiro da família Ashenbert tinha retornado depois de uma ausência de 300 anos e foi permitido um encontro real com a Rainha. Ele foi formalmente reconhecido por Sua Alteza em seu cargo no tribunal. Mas esse era o menor problema.

O maior problema era a parte em que dizia sobre o lendário descendente da família, que se autointitulava senhor no mundo das fadas, tinha contrado uma fairy doctor particular.
O nome impresso era [Lydia Carlton].

― Você deve estar brincando comigo!

Lydia correu para seu pai e assim reclamar com ele. Mas, congelou quando viu Nico de pé, fazendo poses diante de um espelho de corpo inteiro. O gato estava vestindo um sobretudo fino e feito sob medida, tempo suficiente para esconder a sua cauda. Orgulhosamente, olhava-se no espelho enquanto limpava seus pelos.

― Nico, isso...

― Ah, sim acabou de chegar. Fiquei surpreso por ele ter lembrado da promessa. Ele pode ser um ordinário, mas você não acha que  tem bom gosto?

Ela tinha um mau pressentimento.

― Lydia, uma carta acabou de chegar para você.

O pai caminhou até a ela. A mente de Lydia ainda estava distraída com Nico. Ela tomou a carta sem pensar muito, porém no momento em que viu a grande crista de cera vedando-a, suas sobrancelhas se juntaram e seu mau pressentimento cresceu ainda mais.
Tentou se acalmar por um tempo, enquanto cortou nervosamente o selo.

Prezada Ms. Carlton.
Gostaríamos de informá-la sobre esta feliz ocasião de sua contratação como fairy doctor particular do Conde Ashenbert. Além disso, Sua Alteza está bem ciente de seu envolvimento com o governo das propriedades dos merrows da Inglaterra no mundo das fadas como fairy doctor particular da família do Conde.
Gostaríamos de informá-la para considerar cuidadosamente a aceitação desta oferta em tempo hábil, pois será melhor para seu próprio propósito.
Atenciosamente,
Conde Edgar J.C. Ashenbert”.

O que significava que ela não podia recusar. Lydia tremia de raiva quando fechou as mãos com os punhos apertados.

― AQUELE PATIFE ORDINÁRIO!!!


Nota da tradutora: Eu amo demais esse capítulo. Você reparou na parte em que a Lydia vai buscar o Edgar na terra dos merrows? Aqui dá para reparar bem que o Edgar é bem jovem, porque por mais que ele disfarce ser mais velho e experiente, aqui, mostrou o seu lado de certo modo inocente. Não, o bonitão não tem taaanta experiência como diz. E a Lydia, hein? Ela aparenta ser frágil, mas é forte, decidida e independente! Outro ponto é a interação a caminho dos merrows que rola entre Lydia, o Nico e o Edgar. A minha parte preferida é:

 “― Ei, você! Seu cruel! Mesmo que você saía disso vivo, não pense que estará salvo. Não ficarei satisfeito até que os brownies puxem cada fio de sua cabeleira loura.

― Nico, isto é inútil! Eu que pediu a Edgar a fazer um caminho para eles. Eles não fariam algo contra alguém que os ajudou.

― O QUÊ? Você está me dizendo que ele lhe deu uma mão nisso? Que inferno! Então, este é o ponto, vir até para salvá-lo? Não há uma razão para estar aqui!”

Muito bom!!

O próximo volume é “Cuidado com a doce armadilha”, que chega por aqui em meados de setembro. Quer saber mais das postagens? Então acesse: https://www.facebook.com/HakushakutoyouseifanficsBrasil/

Um grande beijo e a gente se vê! Divulgue e nos dê suporte!