sábado, 23 de dezembro de 2023

A floresta do Dragão e os espinhos mágicos - Capítulo 6 - Volume VI - Hakushaku to Yousei Light Novel

 Nota de apresentação 

Chegando com um capítulo deste livro maravilindo! E olha que há grandes emoções! 

Sem mais delongas, bora para história? 


Para resgatar um humano que foi trocado por uma fada ou levado embora, havia inúmeras maneiras que foram transmitidas há muito tempo.  Existia um método preciso e métodos que não tinham tanto efeito. Houve momentos em que funcionariam e instantes em que falhariam e você perderia aquela pessoa para a eternidade.  


No entanto, no passado, houve vários casos em que alguém conseguia de alguma forma entrar na morada da fada e tentar recuperar alguém precioso. Era perigoso, mas para um humano que não tinha nenhuma magia ou qualquer poder para usar para lutar contra as fadas, só poderiam decidir trazer de volta esse alguém, com certeza e agir de acordo.  


A lei do mundo das fadas, por alguma estranha razão, tinha uma coisa que ela não conseguia quebrar: o forte vínculo entre uma pessoa e outra.  


Lydia ficou atordoada, perguntando-se por que isso acontecia. Talvez fosse porque era algo que não existia entre as fadas. Ela se perguntou se isso estava de alguma maneira ligado ao motivo pelo qual tentavam roubar os bebês das pessoas.  


Quanto mais avançavam nas profundezas da caverna de calcário, mais amplo se tornava. Lydia continuou se aprofundando com Kelpie enquanto ficava nervosa ao pensar que além dali se encontravam os dormitórios do Wyrm. Ela pensava em encontrar o bebê de Martha, Lota e destruir a rosa selvagem do Wyrm repetidas vezes. Porque esse era o único método.  


Por alguma razão, ela parou.  


― Ei, você ouviu alguma coisa? 


― O quê? 


― ...Uma melodia musical, é a ocarina de Lota! 


Lydia correu na direção de onde vinha a música.  


― Ei, espere!  O que você vai fazer se o Wyrm estiver perto de Lota?! 


Não prestando atenção ao aviso de Kelpie, ela entrou e passou por um lugar semelhante a um templo que tinha uma fileira de pilares de pedras próximos uns dos outros.  


Ela avistou Lota, que estava sentada em cima de uma enorme pedra, tocando sua ocarina, mas bem ao seu lado havia uma parede alta e enorme coberta de escamas. Não era uma parede, mas a lateral do estômago do Wyrm. Sua cabeça havia passado por este espaço e devia estar descansando nas profundezas dessa caverna para que ela não pudesse vê-lo. Então, Lydia foi puxada por Kelpie e se escondeu atrás das sombras de um dos pilares.  


De lá, ela espiou para observar Lota. Ela jogou uma pequena pedra para que Lota a notasse. Lota os avistou e parou de tocar sua ocarina, e verificou como o Wyrm estava, que parecia estar dormindo profundamente, pois seu corpo não se movia. Ela levantou-se lentamente e caminhou em direção de Lydia. No entanto, havia uma algema e uma corrente amarradas no seu tornozelo. 


― Lota, essa corrente... 


― Ah, sim, disse que um humano que acabou de chegar a esse tipo de lugar pode tentar escapar. Dizia que, eventualmente, irá tirá-la de mim. 


Fato porque depois de algum tempo, o humano ficaria influenciado pela magia da fada, o que tornaria mais difícil retornar ao mundo humano.  


― É melhor você sair daqui antes que ele acorde. Ele me mandou cantar alguma música e quando toquei essa ocarina, adormeceu imediatamente. Mesmo assim, falou que tenho que preparar uma refeição na hora que ele acordar. Parece que tenho que quebrar pedras. Não é ele que deveria fazer isso? 


Parecia que Lota já estava cansada da situação.  


― Pino veio. Ele vai levar Betty. É por isso que estamos aqui para resgatá-la.  


― É a corrente do Wyrm. Não será fácil desatá-la. - disse Kelpie 


― Está tudo bem. Se eu cortar a rosa selvagem, o poder que está fazendo os changelings ficarem aqui, irá desaparecer. Então, esta corrente não terá utilidade.  


― Rosa selvagem? - indagou Lota.  


― Em algum lugar neste ninho, deve haver uma rosa silvestre que o Wyrm está cultivando.  


― Isso é algo realmente precioso para ele? Aí me disseram para não entrar naquela floresta ali, mas não sei onde está.  


― Floresta? Eu me pergunto se há algum lugar para onde as árvores vão.  


De qualquer forma, Lydia pensou que precisava ir procurá-la.  


― Lota, preciso pedir que você aguente mais um pouco. E, também, pense nas pessoas que são mais preciosas para você. Você deve desejar fortemente que retorne pelo bem dessas pessoas.  


― Entendi, mas Lydia, você vai ficar bem? 


Lota olhou para ela com olhos preocupados, que a sacudiram.  


Si-sim. Já que este é o meu trabalho.  


― Em quem você está pensando? 


― Ei? 


― Para voltar para sua casa.  


Por um instante, Edgar poderia ter vindo à sua mente.  


― Meu pai.  


― Entendo.  


No entanto, pensar no pai era tranquilamente natural para ela. Os dois se entediam demais, então, era um vínculo muito fraco para amarrá-la ao mundo humano. Mas, ainda assim, a razão pela qual Lydia foi capaz de ver o mundo humano de forma ainda que um pouco agradável foi porque seu pai estava lá e foi o mundo que sua mãe escolheu. 


Provavelmente, não havia nenhum apego por ela agora que pudesse substituir isso.  


― Sabe, talvez, eu queira ir conhecer meu avô. - disse Lota, enquanto pensava nisso.  


― Não sou do tipo que é princesa e pensei que não me importava com um nascimento. E o que construí com o capitão, que me criou, e as pessoas ao meu redor foi o mais importante para mim. Mas, quando soube que meu avô não desistiu e continuou me procurando, percebi. Quero saber mais sobre mim e ouvir sobre meus pais. Quero conhecer meu avô que não se esqueceu de mim.    


― Você pode conhecê-lo, definitivamente. Esse tipo de sentimento é o que afastará o poder ilusório das fadas.  


Lota assentiu fortemente e agarrou a mão de Lydia. Eles não perceberam, mas o ronco do Wyrm, que vibrava no ar ao redor deles havia parado.  


Lydia virou a cabeça nervosamente.  


― Ei, Lydia, o Wyrm... 


Kelpie olhou para cima. Quando eles foram encarados por dois grandes olhos próximos ao teto da caverna de calcário, a sombra do pilar que estavam escondendo estava à vista. 


[ ― Quem são vocês duas? Não vou perdoá-las por entrarem no meu palácio sem o meu conhecimento.] 


― Corram.  


O braço de Lydia foi puxado.  


― Lydia, cuidado! 


No mesmo momento que Lota gritou, algo veio na direção deles. Parecia que o Wyrm havia balançado o rabo.  


Se Kelpie não pegasse Lydia nos braços e saltasse rapidamente para evitá-lo, ela certamente seria esmagada contra o pilar de pedra.  


― Droga.  


Kelpie resmungou porque a passagem que eles viraram para tentar entrar estava bloqueada pelo corpo do Wyrm que era como um muro alto.  


― Aqui, Lydia! 


Houve uma voz que veio de outra direção. Era Edgar. “Por que ele estava aqui?” Ainda sem entender o porquê, Lydia correu para fenda alta em que o viu. Em segundos, Kelpie e ela escorregaram para a fenda da pedra, o corpo do Wyrm bateu contra a pedra, fazendo a área ao redor deles tremer.  


Mesmo assim, a pedra gigante não desmoronou. O Wyrm tentou enfiar uma de suas garras na fenda. Porém, parecia que não havia nada que pudesse fazer, então, desistiu e deve ter ido embora, pois o silêncio prevaleceu.  

 

Respirando aliviada, Lydia se virou. Havia Edgar, Raven e Ermine. Logo depois, ela foi abraçada por Edgar.  

 

― Graças a Deus, eu consegui.  

 

Ele colocou as duas mãos para virar a sua cabeça e a encarou.  

 

― Você está ferida em algum local? 

 

Em momentos como esse, Edgar a tratava naturalmente como sua noiva. Era algo espontâneo que Lydia sentia estar errada por achar que isso era estranho, no fundo era bastante problemático.  

 

Mesmo surpresa, Lydia estendeu os dois braços e conseguiu se esquivar dele.  

 

― Eu ouvi a história de Nico. Se você tivesse me contado no início, eu não teria deixado você ir sozinha.  

 

― Ela não está sozinha. Você pode ver que estava com ela.  

 

Ignorando completamente a existência de Kelpie, Edgar continuou falando enquanto devagar pressionava Lydia cada vez mais perto da parede.  

 

― Eu sei o porquê. Você estava pensando que mesmo que eu aparecesse, não havia nada que pudesse fazer em relação às fadas, certo? Mas, devo lhe dizer, tenho a responsabilidade de protegê-la. Dizer que não sabia, não vai te inocentá-la.  

 

― Mas, eu... 

 

Ele deve ter percebido que Lydia queria dizer “não sou sua noiva de verdade”. 

 

― Tenho responsabilidade como seu chefe. Ainda mais porque o problema ocorre em minhas terras. 

 

― ...Desculpe. Não era para acontecer assim. Eu só vim para obter algumas informações, então... 

 

Mas, se ela mostrasse pelo menos uma parte honesta de si mesma, Edgar aproveitaria e ficaria exultante. E, sem hesitação, ele tocou o cabelo de Lydia com a mão da mesma forma que um namorado faria e estreitou os olhos cor de malva-acinzentados de uma forma melancólica.  

 

― Está tudo bem, contanto que você esteja segura. Porque o que mais temo é não poder tocar você assim de novo.  

 

Ermine e Raven estavam com eles. “Mas, por que diabos ele foi capaz de fazer algo tão embaraçoso como isso?” No entanto, os dois estavam esperando com tanta calma que isso era natural. Apenas Kelpie estava com uma cara irritada e chutou a parede.  

 

― Mais importante, encontrei Betty. Acho que Pino foi capaz de guiá-la. O que resta é Lota, que se tornou a substituta de Betty e se eu conseguisse encontrar o bebê de Martha.  

 

― O problema é como vamos resgatá-los, certo? 

 

Já estava decidido no coração de Lydia. No entanto, para Edgar e outros virem aqui foi inesperado.  

 

― Foram só vocês três que vieram aqui? Onde está Nico? 

 

― Ele deveria estar conosco, mas como quase foi devorado pelo dragão, acredito que ele pode não querer se aproximar.  

 

Oh, meu Deus! Ele quase foi devorado! 

 

Mesmo que ela sentisse um pouco de pena dele, pensou que, realmente, era crueldade de sua parte jogar a toalha no meio da situação. Mais do que isso, Lydia tentou pensar em quaisquer pontos de seu plano que precisaria mudar. Mesmo que ela quebrasse a rosa selvagem do Wyrm, não haveria efeitos prejudiciais para outras fadas. Ermine e Raven estariam bem. Edgar e Raven eram seres humanos, logo, não haveria nenhuma magia para influenciá-los, enquanto eles fossem para o mar, deveriam ser capazes de sair da caverna. 

 

Ela tinha que acreditar que Betty seria trazida por Pino. Quanto a Lydia, ela não sabia o que aconteceria, mas a rosa selvagem não deveria ser vista por um humano normal e uma fada não conseguia nem tocá-la com a mão. Então, ela era a única que poderia fazer isso.  

 

― De qualquer maneira, deveríamos sair uma vez. Deveríamos nos acalmar e tentar pensar em uma maneira de resgatar os dois.  

 

Foi a sugestão de Edgar, porém, Lydia balançou fortemente a cabeça em negativa.  

 

― Não posso, só existe um método. Vou continuar.  

 

― Mas, Lydia.  

 

― Então, todos vocês podem ir para casa. 

 

Edgar reagiu como se estivesse pasmo. Kelpie riu.  

 

― Conde, mesmo você, que é um caçador de saias, parece que não é tão fácil convencê-la fazer o que você quer.  

 

― Só não quero colocar Lydia em uma situação perigosa.  

 

― Estou dizendo que isso é inútil. Agora, quanto a mim, vou concordar com o seu egoísmo. Ela pediu coisas cansativas como abotoá-la e não tocar nos seus seios, mas isso não é nada. Estou disposto a entrar no ninho do Wyrm com ela.  

 

― Ei, Kelpie! 

 

― Abotoá-la? Seios? 

 

Assim como ela temia, Edgar reagiu a essa parte.  

 

― Você fez alguma coisa com a minha noiva? Você a forçou a algo quando ela revidou? 

 

Não, não ocorreu tal coisa”. 

 

― Se isso for verdade, então, tenho o direito de matá-lo. 

 

Edgar se aproximou de Kelpie 

 

― Mesmo que você não seja capaz de me matar? 

 

― Parem já! 

 

Lydia se meteu entre eles.  

 

― Lydia, este é um problema sobre a nossa honra.  

 

― Não foi desse jeito! 

 

Lord Edgar, o dragão apareceu novamente. - disse Raven 

 

No amplo espaço aberto além da abertura, todos sentiram a vibração do Wyrm enquanto rastejava de bruços, deixando todos nervosos.  

 

― Isso é ruim. - murmurou Kelpie 

 

― Ei, apresse-se e corra. Sinto fogo. O Wyrm vai cuspir fogo! 

 

Edgar agarrou o braço de Lydia e saiu correndo.  

 

Todos correram para as profundezas ao mesmo tempo e, por trás, Lydia ouviu o estranho som de regurgitação, uma temperatura extremamente quente e se virou. Ao longe, havia um vermelho estranho e muito brilhante. Kelpie parou atrás deles. 

 

― Eu vou parar com isso, então, se apressem e vão embora! 

 

― Mas, se for o fogo do Wyrm, você estará em perigo.  

 

Lydia tentou parar de correr, mas Edgar não permitiu.  

 

Kelpie, não vou tornar seu sacrifício em vão.  

 

Ele saiu com aquela frase que parecia uma piada e tentou ir embora.  

 

― Hein? Se ficar realmente perigoso, vou sair daqui! E, por isso que, até então, estou dizendo que é melhor você se apressar e ir para algum lugar longe! 

 

E, então, talvez para acalmar Lydia enquanto ela virava a cabeça para trás para vê-lo repetidamente, ele disse descuidadamente: 

 

― Lydia, vamos nos apressar e acabar com isso, e depois nós dois vamos ir morar nas Terras Altas. Não se esqueça. Não, mesmo que você se esqueça, vou levá-la para lá.  

 

Ouvindo aquela voz pelas suas costas, eles seguiram pelo caminho que fazia uma curva para o lado, e então, Lydia não conseguiu mais ver Kelpie. Nesse ritmo, ela se manteve correndo ao lado de Edgar pelos complicados caminhos sinuosos.  

 

Quando perceberam que estavam longe dos perigos do incêndio, finalmente, pararam. Lydia já estava sem fôlego e por um tempo não conseguiu falar. Raven e Ermine disseram que iriam inspecionar a área próxima à vila e, depois de dizerem isso, eles foram embora. E Edgar ainda estava de mãos dadas com Lydia, enquanto ela recuperava o fôlego e falou com ela como se estivesse pressionando-a por uma resposta.  

 

― Você vai me dizer qual é o significado disso? 

 

Ela não conseguiu entender o que ele quis dizer imediatamente.  

 

― Aquele cavalo disse que iria morar com você nas Terras Altas.  

 

― Isso é... 

 

Ela não podia dizer a ele que poderia esquecer tudo. Porque seria como se ela estivesse pensando em uma separação por tempo indeterminado. Ela estava confusa consigo mesma por sentir medo e isso quase a fez chorar. Por isso, Lydia abaixou os olhos.  

 

Edgar parecia não saber o que fazer com a maneira como Lydia agia e acariciou seus cabelos de modo que quisesse acalmá-la.  

 

― Uh, não é como se eu estivesse tentando culpar você. Não se preocupe, aconteça o que acontecer, meus sentimentos não irão mudar.  

 

Essas eram suas falas suaves de sempre. Mas, se lhe dissessem algo assim, ela não poderia contar a ele ainda mais.  

 

― É verdade, você não acredita em mim? Mesmo que aquele Kelpie tenha se forçado a você, esse tipo de coisa não irá se tornar um obstáculo para nosso casamento.  

 

― Hein? 

 

― O que você está... 

 

― Só porque você quase foi atacada por Kelpie, não significa que você precisa se considerar impura.  

 

Espero só um minuto, do que ele está falando?” 

 

― Eu não fui atacada! 

 

― Eu sei. Você é do tipo que nem permite que eu, como noivo, te beije. Então, mesmo que seja algo pequeno, faz você se sentir infiel, certo? Mesmo se algo assim faria você se casar com Kelpie, então, o modo como eu te tratei como um cavalheiro me faria parecer um idiota.  

 

Ele não entende nada, não é? E, como um cavalheiro, ele diz? Como ele fez isso? 

 

― Eu disse que você está errado! Sobre os botões, pedi para ele me ajudar a abotoar. Bem, isso porque ele é uma fada e não um homem humano. O resto é apenas um acidente, quando nós dois caímos... Isso é tudo! 

 

Ele a encarou como quem quisesse ter certeza.  

 

― É verdade? Então, você não se sente magoada com nada.  

 

― Você poderia parar de adivinhar todos os motivos ocultos possíveis? 

 

Mesmo que Lydia estivesse tão envergonhada e irritada, deixando-a vermelha, Edgar puxou os ombros dela para os braços como se estivesse aliviado do fundo do coração. Ele não a deixou ir tão facilmente, e quando Lydia se mexeu para expressar seu descontentamento, a mão dele tocou um botão nas costas dela. De repente, Lydia ficou tensa e completamente congelada.  Mesmo que ela estivesse à vontade com Kelpie, ela não sabia por que a mão de Edgar tocando um único botão fazia com que parecesse ter um significado.  

 

― Bem, sim, mesmo que ele seja uma fada ou cavalo, ele ainda é um homem, então, é melhor você se tornar mais cautelosa. É por isso que, da próxima vez, vou te ajudar, sempre que você quiser se despir.  

 

Justamente quando pensava que ele estava seriamente preocupado com ela, ele começava a brincar.  

 

― Eu não preciso disso! 

 

Ela colocou força em ambos os braços e empurrou Edgar para longe.  

 

― Além disso, você disse que desistiria.  

 

― Mas, ainda falta tempo. E desistir só é quando você dizer não. Quero que você pense bem se realmente precisa de mim ou não e então, dê uma resposta.  

 

E, então, a conversa se tornou séria. Quando ele fez uma expressão grave e se ela o rejeitasse como de costume, ela sentiu que ele poderia realmente perder o interesse por ela. 

 

Ele nunca mais tentará me tocar como se fosse sua amante?  Logo, tudo ficaria bem. Desse modo, eu poderia viver a minha vida em paz. Estou bem com isso? Porém, esse tipo de promessa, não consigo entender se ele está falando sério ou não?”  

 

Isso não importa. Lydia deveria responder exatamente como seu coração lhe diz. 

 

― ... Eu entendo.  

 

― Agora vamos voltar ao assunto. Não é como se você tivesse sido tratado injustamente por Kelpie, o que significa, por que ele diria algo assim? 

 

Por que ele não pode simplesmente deixar isso passar?” Mesmo que Edgar espertamente deixasse as coisas no escuro quando era algo desagradável para ele, pressionava Lydia por uma resposta até o fim. Porém, neste caso, não houve tempo para ser pressionada por respostas. Isso porque eles ouviram o grito uivante que ecoou por toda a caverna. Só, então, o chão começou a roncar novamente.  

 

Foi um violento terremoto que não pôde ser comparado com a vibração quando o Wyrm moveu. Ela viu que Raven e Ermine estavam correndo para voltar para eles, mas Lydia não conseguiu ficar em pé e se agarrou a um pilar de pedra próximo.  

 

― Lydia, saia daí! 

 

Quando ela ergueu os olhos ao ouvir a voz de Edgar, viu que o pilar que tinha uma longa rachadura estava prestes a tombar. Ela tentou alcançar a mão dele que estendeu a ela, mas ela estava um pouco fora do alcance.  

 

Uma grande cratera começou a se abrir sob os pés de Edgar. Ela viu que Raven o salvou praticamente caindo no chão com ele, mas a cratera que rapidamente se abriu começou a se dirigir em direção de Lydia. O seu braço foi agarrado e ela foi puxada para longe do pilar.  

 

Ermine... 

 

― Por favor, pule para o outro lado! 

 

Durante o tempo em que Lydia estava se atrapalhando, ela usou toda a sua força e empurrou Lydia para fora. Quando ela olhou para trás, onde estava prestes a desmoronar e levou Ermine junto com ele.  

 

Ermine! 

 

Lydia gritou com ela, mas não havia nada que ela pudesse fazer. Ao escapar das pedras que desabaram, ela foi puxada para uma abertura na parede rochosa e mal conseguiu empurrar os dois corpos para caberem. Mesmo que o tremor parasse, o corpo de Lydia não conseguia parar de tremer.  

 

Edgar levantou-se e olhou para o profundo penhasco de ravina que foi subitamente formado. Ele chamou o nome de Ermine várias vezes, mas não houve resposta, e apenas a voz de Edgar ecoou contra a parede aqui e ali.  

 

― Vou descer e inspecionar. - ofereceu Raven 

 

― É perigoso. Pode ocorrer outro terremoto! 

 

Não é hora de tremer”, pensou Lydia e reuniu forças para se levantar. “Eu preciso buscar a rosa selvagem do Wyrm. Isso também deve ser útil para ajudar Ermine”. Ela pensou em chamar por Edgar, mas se conteve.  

 

Ele certamente não deveria sair deste lugar, e se ela tivesse que fazer isso sozinha de qualquer maneira, então, simplesmente deveria ir apenas ela. Lydia recuou silenciosamente e se afastou de ambos que olhavam para o fundo da ravina. Ela virou os calcanhares e caminhou na direção que parecia não ter sido afetada pelo terremoto.  

 

O terremoto agora foi, obviamente, causado pelo Wyrm. E parece que tinha como alvo a área que Lydia e os outros encontraram. Ir contra pequenos humanos e lançar um ataque mesmo depois de perdê-los de vista deve significar que estava guardando alguma coisa.  Muito provavelmente, o local onde estava a rosa selvagem é próximo.  

 

A dica era a floresta. Normalmente, floresta deveria significar um grupo de árvores. Lydia continuou andando enquanto pensava nisso. No entanto, seu ombro foi agarrado do nada.  

 

― Onde você pensa em ir sozinha? 

 

Edgar puxou Lydia para si com uma expressão furiosa.  

 

― E você não pararia mesmo se eu te chamasse.  

 

Ela estava tão envolta em pensamento na rosa e não conseguia ouvi-lo. Ela não conseguiu olhar para ele e Lydia abaixou a cabeça. Sentiu-se culpada por causa da queda de Ermine e pensou que o mau humor de Edgar era porque ele estava deprimido.  E, é por essa razão que, somente Lydia teria que agir.  

 

― Vou procurar a rosa selvagem do Wyrm 

 

Edgar não conseguiu entender o que ela estava dizendo e inclinou a cabeça.  

 

― Eu estava planejando isso desde o início. Se fizer isso, então, a magia que se acumulou no ninho do Wyrm irá fluir. O bebê changeling e Lota serão libertados e, embora fosse momentâneo, o poder do Wyrm será enfraquecido. Logo, se não houvesse perigo, você é capaz de resgatar Ermine? Se for procurar algo, o dobie até lhe dará a mão.  

 

― Tudo bem. Então, eu também vou.  

 

― Eu irie sozinha.  

 

― Não, você não pode. Eu deixei Raven para cuidar daquele lugar e não posso permitir que você vá sozinha.  

 

Ele sorriu para ela como se quisesse gentilmente convencê-la a fazer isso. Ele olhou para ela com olhos tão sérios, que quem o visse pensaria que não havia engano que ele estava apaixonado por Lydia. Mas, quem ele amava não era Lydia. Ele pode não ter percebido que ela não era a única.  

 

Sim, Edgar pode não ter percebido por si só. Ele podia acreditar quem gostava e até mesmo enganado a si mesmo.  

 

― Por que sou sua noiva? Você está pensando que tem a responsabilidade de ficar ao meu lado e me proteger? Isso é estúpido! 

 

― Estou preocupado. Se algo acontecer com você, eu não suportaria.  

 

Mesmo agora, ele deveria estar cheio de preocupações com ela que dificilmente poderia suportar.  

 

― Eu deveria ter caído.  

 

Lydia não conseguiu se conter e desabafou.  

 

― O que você está falando? Você sabe que não é sua culpa. 

 

― Mas, se ela não tivesse me salvado, ela não teria caído.  

 

Era algo inútil dizer agora. Edgar devia ter pensado isso. Ele soltou um suspiro como se achasse isso um pouco absurdo.  

 

― Se fosse você, definitivamente não teria sobrevivido. Mas, com Ermine, ainda há esperança.  

 

― Isso não foi o que eu quis dizer.  

 

― Então, o que você quer dizer.  

 

Esse teria sido o melhor resultado para Edgar. Porém, isso em si era algo inútil de dizer. Lydia ficou em silêncio e começou a se afastar. Edgar seguiu atrás dela.  

 

― É inútil mesmo se você me seguir. E, além disso, pode ser que eu não consiga voltar para Londres, então, você deve desistir agora. 

 

Ela estava pensando “Deixe-me em paz”. Lydia estava se sentindo negligente.  

 

― Será isso talvez está relacionado com que Kelpie disse? 

 

― ... 

 

― Então, está relacionado.  

 

De repente, ele correu para sua frente e ficou em seu caminho, e isso fez com que Lydia quase se esbarrasse nele. Ele aproveitou esse gesto e a abraçou para que não escapasse dele.  

 

― Se você não me falar francamente, vou beijá-la.  

 

Que tipo de ameaça é essa? 

 

Ela achou isso um absurdo, mas os ambos os braços dela estavam presos pelos dele, o que dificultava se mover, mesmo que colocasse toda força e ele podia mexer o corpo como se a estivesse acorrentando, ela não apenas temeu o beijo, mas, algo mais perigoso, por isso, resolveu se abrir.  

 

― É porque posso ser um changeling! 

 

― Por que isso está relacionado? 

 

― Se eu quebrar a rosa selvagem da fada, toda a magia lançada nas coisas ao seu redor será desfeita. É por isso que o changeling capturado será empurrado de voltar para o mundo humano, mas, em troca, as fadas que foram feitas para se parecerem com humanos retornarão à sua forma original. ...Se for um changeling, então, voltarei a ser uma fada e esquecerei tudo de quando era humana.  

 

Assim que ela deixou escapar de uma vez, Edgar ficou subitamente quieto, parecia até estar contendo a raiva. No entanto, ele acariciou a bochecha de Lydia e depois seus cabelos de uma forma gentil que jamais fez antes.  

 

― Ocultar de mim uma informação tão importante como isso, que horrível de sua parte ir sozinha. É por que não sei nada sobre fadas? É por que sou apenas o Conde Cavaleiro Azul apenas no nome? 

 

-não é isso... 

 

― Então, você não poderia dizer isso porque seria muito doloroso para você se separar de mim se algo acontecesse? 

 

― É... 

 

A vaidade desse homem é anormal”. Ela decidiu esquecer como achava que poderia ser um pouco doloroso.  

 

― Mesmo que você se torne uma fada e mesmo que esqueça tudo, não tenho intenção de entregá-la a Kelpie 

 

― Você é um humano. Você não será capaz de me ver.  

 

Como se quisesse ter certeza de que não era assim, ele embalou o rosto de Lydia com as mãos.  

 

― Você não é um changeling. Eu realmente acredito nisso.  

 

― Mesmo se eu fosse humana, tenho uma característica profunda relacionada às fadas. Se eu quebrar a rosa, serei jogada no turbilhão da magia. Quando isso acontecer, não sei se conseguirei manter minha consciência o suficiente para me levar de volta ao mundo humano. Mas, estou pensando que não me importaria com isso.  

 

― Você quer se tornar uma fada? 

 

― Não sei. Se eu fosse uma fada, meus sentimentos não seriam feridos.  

 

― Então, isso significa que eu nunca poderia ser aquele que liga você ao mundo humano.  

 

Ele disse isso com uma voz tão dolorosa que até o coração de Lyda doeu.  

 

― Eu não sei sobre fadas. E não posso me tornar alguém especial para você. Mas, ainda assim, se houvesse algo que pudesse fazer, seria não a deixar ficar sozinha. Por favor, não diga que você nem precisa disso. Quando isso acabar, vamos para casa juntos.  

 

Ele a beijou na pálpebra e isso quis fazê-la chorar. Ela conseguiu conter as lágrimas e puxou o corpo para trás.  

 

― Temos que ir.  

 

Edgar acenou com a cabeça e segurou a mão de Lydia e começou a andar. Ela não podia mais dizer que iria sozinha.  

 

*** 

 

 

A água do oceano estava fria e lentamente curou a crina e a pele de Kelpie, que foram atingidas pelo calor ácido do fogo do Wyrm 

 

Para uma criatura como ele que vive em água doce, não se pode dizer que a água salgada fosse um ambiente confortável, mas era muito mais habitável do que estar em terra.  

 

Sentado no fundo do mar, Kelpie sentia silenciosamente como a magia estava retornando ao seu corpo. Quando ele se recuperasse, precisava voltar rapidamente para onde Lydia estava. Se ela amadurecesse a rosa, quem sabe o que aconteceria.  

 

Enquanto Kelpie pensava nisso, ele olhou para a figura feminina que estava deitada ao seu lado. Isso porque ela lentamente se sentou.  

 

― Você finalmente acordou.  

 

Ela olhou para Kelpie interrogativamente e, então, inspecionou a área ao redor. Ela era a serva cross-dressed daquele conde. Se ele lembrava, o seu nome era Ermine 

 

― É realmente verdade que você ainda não percebeu o seu lado fada selkie. Sua natação não foi nada boa, então, é por essa razão que você faria algo como ser nocauteada por uma pedra afundando em sua cabeça como um humano faria.  

 

― Isso é...? 

 

― O fundo do mar. Eu digo isso, mas estamos realmente perto do fundo da caverna do Wyrm 

 

― Por que você está aqui? 

 

― Porque salvei sua vida. Se você afundasse enquanto estava inconsciente, logo, você acumularia mais ousadia.  

 

Ela olhou para o agressivo cavalo aquático das fadas com desconfiança. Deve ter sido algo instintivo. Kelpies matam qualquer criatura e a devoram. Eles também são temidos pelas próprias fadas.  

 

Mesmo sabendo que ele era um estranho cavalo aquático que não via a humana Lydia como alimento, mas com carinho, ela não conseguia acreditar que teria sido resgatada.  

 

― Por que você me ajudou? 

 

― Se eu te dissesse que era comer, você acreditaria em mim? Se eu te deixasse sozinha, pensei que Lydia ficaria com raiva de mim. Embora, se você está dizendo que vai me dar um braço como agradecimento, não vou recusar.  

 

Como isso não poderia ser interpretado como uma piada, Ermine perdeu a chance de agradecer, mesmo assim, parecia que Kelpie não se importava nem um pouco com isso. Ela tentou se levantar, porém, sua cabeça ainda parecia tonta quando se sentou.  

 

― Está queimando lá em cima. É mais seguro ficar na água por um tempo.  

 

― As cavernas nas águas do mar também não estão conectadas a lugares diferentes? 

 

― Se você se movimentar muito, será ainda mais difícil voltar para o conde.  

 

Ermine apoiou a mão em um braço mais forte e cuidadosamente tentou se levantar mais uma vez.  

 

― Você tem alguma ideia de onde fica a área logo abaixo do centro da vila? 

 

―Por quê? 

 

― Não há necessidade de eu contar a você.  

 

― Essa é a atitude de fazer uma pergunta? 

 

― Então, esqueça.  

 

Seguindo ao longo do penhasco, ela cambaleou no caminho. Kelpie pensou que ela era uma mulher muito mais teimosa do que Lydia quando se levantou. “Então, ela é fiel e obediente apenas ao conde, hein? 

Ou era... 

 

Ermine sentiu que Kelpie a estava seguindo, se virou e franziu a testa.  

 

― Não me siga.  

 

― Só vou para onde quero ir.  

 

― Então, você pode ir na minha frente.  

 

― Essa também é minha liberdade de escolha.  

 

Ermine virou a cabeça irritada e começou a se afastar novamente, mas era óbvio que Kelpie a estava seguindo.  

 

― Por que você não vai até onde a senhorita Carlton está, então? Não é perigoso se separar dela?  

 

― Bem, há algo que está me incomodando.  

 

― ... O quê?  

 

― Foi de uma distância bem longa, mas estive observando quando você caiu. Você ajudou Lydia e, embora tivesse muito tempo para fazer isso, você propositalmente sofre a responsabilidade, não foi? 

 

Ermine  continuou andando silenciosamente. Kelpie continuou falando enquanto a seguia.  

 

― Você percebeu que lá embaixo estava o mar e, então, decidiu que ficaria bem? Mas, com propósito? Você quer ir ao centro da vila? Mesmo que você não fosse passar por nenhum perigo, não haveria problema em contar isso ao conde. Não, ou você não pode deixar que ele saiba? Então, isso não significa que você precisava se separar do conde e daquele garoto Raven sem que isso levantasse suspeitas? 

 

Ermine de repente se virou e apontou uma faca para Kelpie 

 

― Nada de bom sai de uma boca tagarela.  

 

― Não morrerei por uma arma humana como um selkie 

 

― Não leve as selkies muito levianamente.  

 

― Agora, não seja tão agressiva. Não é como se eu estivesse do lado do conde.  

 

Ela soltou um suspiro, retirou a faca e começou a se afastar novamente. Parecia que desistiu de falar com Kelpie. Ela deve ter pensado que era Kelpie quem odiava Edgar por forçar Lydia ficar noiva dele, logo, provavelmente, não iria revelar isso.  

 

Ermine flutuava periodicamente para a superfície e se certificava da paisagem ao redor enquanto avançava. Kelpie não falou mais com ela, que por sinal estava ignorando solenemente a sua presença. O comportamento de Ermine mudou perto de um local onde o fundo do mar era ascendente e a água era bastante rasa, e ela avistou os restos de um pequeno barco. 

 

Ela inspecionou minuciosamente a área ao redor, mas parecia que não encontrou o que procurava. Só, então, ela viu a luz de uma tocha na superfície da terra, fez uma cara fria e rígida e, silenciosamente, deu a volta até a sombra de uma rocha sem fazer nenhuma ondulação na água.  

 

Vagarosamente, ela deslizou para a costa rochosa. Havia água do mar que tinha entrado na caverna de calcário. Na sua margem, havia dois homens que, aparentemente, eram aldeões.  

 

Aos pés deles, havia um cadáver caído no chão. Deve ter sido um cadáver que retiraram do mar, porque o corpo estava encharcado e, enquanto, vertia água do mar além de um sangue vermelho que manchava o calcário branco.  

 

De repente, Ermine saltou na frente dos dois homens. Com a faca na mão, ela esfaqueou um dos homens que ainda estava surpreso. Ela agiu sem pensar, porém não tinha nenhum sinal de mostrar misericórdia. O outro homem tentou acertá-la com a tocha. O fogo passou por seu rosto e Ermine se encolheu e recuou. Quando seu pé ficou preso no cadáver, ela perdeu o equilíbrio, o homem sorriu e baixou a tocha.  

 

Ela se ajoelhou naquele lugar. “Mesmo que ela esteja ferida, que coisa imprudente de se fazer por uma mulher”, pensou Kelpie, enquanto ficou parado e observando. Vendo que ela não conseguia se levantar imediatamente, o homem que segurava a tocha deu as costas para ela e tentou escapar.  Kelpie, provavelmente, por capricho, levantou-se para bloquear o caminho do homem.  

 

Ele agarrou a cabeça do homem e empurrou-o de volta para Ermine, que, finalmente, se levantou.  

 

― Você está bem em deixar este escapar? 

 

― Não, vou matá-lo.  

 

Ao dizer isso, ela cortou o ar com a faca. O sangue espirrou no ar e o homem caiu no chão. Ermine não mudou a expressão e verificou as roupas do homem caído e quando tirou uma pedra avermelhada do tamanho de um punho fechado, colocou-a cuidadosamente em um dos bolsos.  

 

E, completamente, exausta, ela sentou-se numa das pedras. 

 

― Se você não queria isso, não havia necessidade de matá-lo.  

 

― Não quero seus conselhos.  

 

Ela estava agachada e segurando a faca como se a estivesse abraçando. O jato de sangue pintou seu rosto branco e pálido, e isso a fez parecer ainda mais bonita.  

 

Ela deve ter matado os homens porque seria muito problemático se eles falassem. No entanto, isso foi tudo que Kelpie conseguiu entender, e pensou que não havia sentido em ficar ali depois de tudo isso.  

 

A razão pela qual ela saiu de perto do conde foi para apanhar a pedra que acabou de recuperar. Mesmo assim, ela não teve intenção de dizer o que é. Kelpie deu meia-volta para ir embora.  

 

― Não vou causar nenhum problema à senhorita Carlton.  

 

Eu me pergunto se isso é verdade”. No entanto, ela deve ter querido dizer que, ao contar isso para Kelpie, o que ele acabou de ver não traria nenhum benefício ou desvantagem para ele, algo completamente alheio à sua espécie.  

 

*** 

 

― É uma floresta. - Lydia não pôde deixar de mencionar.  

 

Foi justamente quando eles chegaram a uma caverna aberta muito vasta. Naquele espaço, havia um grande número de pingentes de gelo feitos de calcário, um ao lado do outro.  

 

Pela sua extensão formava uma floresta branca, que preenchia o espaço e bloqueava a visão. O teto estava ainda mais alto e eles não conseguiram vê-lo por causa das névoas fumegantes.  

 

― Então, a rosa silvestre pode estar em algum lugar lá no fundo.  

 

Até Edgar fez uma cara de espanto ao erguer os olhos.  

 

― Com certeza, estará aqui.  

 

Lydia sabia disso. Se o som fraco das gotas de água que caíam do teto se sobrepunham, parecia que estavam no meio de uma garoa. As gotas de água que absorveram a cal caíram no solo, e acumulavam para formarem um pilar de pedra cada vez mais alto. Era uma floresta feita com a ajuda da natureza e demorou ser construída, e isso deixou Lydia maravilhada.  

 

Edgar foi até uma das torres de calcário que ficava ali perto e se ajoelhou perto dela. Era uma torre de pedra calcária que mal tinha a altura de uma pessoa.  

 

― Há algum problema? 

 

― Ah, não. Só pensei que parecia uma estátua finamente esculpida.  

 

Lydia olhou para ver e ofegou. Dentro da pedra, parecia que havia um bebê com os braços e as pernas curvados e remendados.  

 

― É... é um bebê de verdade! Este deve ser o bebê de Martha que foi submetido ao changeling 

 

― O quê? Mas, parece que o bebê virou pedra.  

 

― A magia do Wyrm é lançada sobre ele. Mas, o bebê ainda está quente, o que significa que ele está vivo. Tenho que me apressar e salvá-lo.  

 

Levantando-se, Edgar franziu as sobrancelhas enquanto inspecionava a floresta.  

 

― Você está me dizendo que talvez todos os pilares aqui sejam pessoas? 

 

― ... Não sei. O dobbie disse que o Wyrm transforma pessoas em pedras e depois as devora. De qualquer forma, os mais velhos que se transformaram por completo em pedras não podem mais ser salvos.  

 

Lydia olhou para o pilar de pedra e fez um sinal de cruz com a mão sobre o peito.  

 

― Então, desde os velhos tempos, o Wyrm comia pessoas e foi assim que fez as freyas 

 

Para quebrar esse ciclo maligno, o Conde Cavaleiro Azul do passado selou o Wyrm e salvou os aldeões, mas em troca os aldeões deveriam ter aceitado que nunca mais seriam capazes de extrair mais freyas preciosas.  

 

― Para ganhar dinheiro, não posso acreditar que eles sacrificariam pessoas novamente... 

 

― Parecia que não se tratava de ganhar dinheiro, mas sim de ter algum tipo de uso diferente. O prefeito disse que só poderia ser tratado por uma pessoa que carregasse o sangue do Conde Cavaleiro Azul.  

 

Foi aí que ele interrompeu a frase e, de repente, mudou de assunto.  

 

― A propósito, Lydia, você conhece uma maneira de derrotar um dragão? 

 

― Um Wyrm não pode ser derrotado. É por isso que estou procurando sua rosa.  

 

― Mas, existem heróis que derrotaram dragões em histórias de muito tempo atrás. Como São Jorge... Ah, mas isso foi contra um dragão com asas. De qualquer maneira, o velho Conde Cavaleiro Azul havia colocado o Wyrm para dormir no passado. E eu queria saber que tipo de método ele usou.  

 

O Conde Cavaleiro Azul tinha poderes mágicos. Ele era capaz de ir e voltar entre o reino das fadas e o reino humano e era o Senhor da Terra que governava os seres vivos em ambos os mundos. Era muito provável que aquele que carregava seu sangue só fosse capaz de derrotar o Wyrm. Até o dobbie disse isso. Porém, Edgar estava pensando se existia algum outro método.  

 

― Os dragões são poderosos, enormes e misteriosos. Mas, você sabe como dizem que sempre há uma fraqueza? Olhando para os exemplos de todos os tempos e lugares, o que pode derrotar um dragão é alguém que adquire uma arma especial ou alguém que encontrou um ponto fraco.  

 

Ele puxou a espada da bainha do cinto. A espada Merrow brilhou.  

 

― Eu tenho uma arma. É uma espada que não é inferior à luta com um dragão e é uma espada que já derrotou o Wyrm antes. E, mesmo assim, mesmo quando uso, não consigo cortar nenhuma fada. Mas, e se eu encontrar seu ponto fraco? Então, até mesmo um humano normal deveria ser capaz de derrotá-lo. 

 

― Como você vai encontrar sua fraqueza? 

 

― Esse é o problema, mas não temos tempo.  

 

― O quê?  

 

Edgar desviou os olhos para examinar a área ao redor deles, como se estivesse preocupado com alguma coisa, e assim ouviu-se um farfalhar, como uma rajada de vento soprando sobre um campo gramado.  

 

Um leve tremor sacudiu a floresta de pedra. Lydia, finalmente, percebeu o que era e rapidamente se virou.  

 

― O Wyrm...! 

 

Havia uma parede coberta de escamas tão alta que era preciso esticar o pescoço para cima e eles viram o que passava lentamente diante de seus olhos. Parecia que os dois estavam completamente cercados por seu longo corpo de cobra.  

 

― Se você tivesse notado, deveria ter me avisado antes! - ofegou Lydia.  

 

― Quando percebi, já estávamos cercados.  

 

― Foi por isso que você começou a falar sobre derrotar um dragão? 

 

― Veja, não me resta a única opção de derrotá-lo? 

 

― Não venha com “veja”! Tenho medo de cobras! 

 

Estava tudo bem quando ela ainda não conseguia ver todo o seu corpo. No entanto, quando ela deu uma boa olhada em volta, pôde ver como essa criatura longa e contorcida estava rastejando e isso fez Lydia ficar arrepiada.  

 

Sua cabeça erguida olhava para eles de uma forma imponente.  

 

[― Quem é você? Por que você tem essa espada?] 

 

A voz do Wyrm ecoou, sacudindo o ar em volta deles.  

 

― Isso é porque sou o mestre desta espada.  

 

[― Você não é o Conde Cavaleiro Azul. ] 

 



 

― Eu sou. Aquele que te despertou é uma farsa. No entanto, agora, não vou deixar esse falso fazer o que quiser. Vou te selar de uma vez.  

 

Enfrentando a espada Merrow à sua frente, o Wyrm deve ter se tornado cauteloso à medida que o círculo ao redor deles aumentava.  

 

― Edgar, vamos fugir. Enquanto a ameaça da espada ainda estiver funcionando.  

 

No entanto, ele agarrou a arma como se estivesse prestes a começar uma luta de espadas.  

 

― Oh, não, eu vou fazer isso. Se não o fizer, não poderei me tornar o verdadeiro Conde Cavaleiro Azul.  

 

― O que você está dizendo? No começo, você queria apenas o nome... 

 

― Isso mesmo. Fui eu quem ganhou o nome. Porque fui eu e não ele, cumprirei meu dever.  

 

― Ele? 

 

O Wyrm pode ter sentido a magia na espada enquanto mantinha seu brilho na espada e permanecia imóvel.  

 

― Ulisses. Ele carrega o sangue do filho ilegítimo do Conde Cavaleiro Azul.  

 

― Isso é verdade? ... Então, a razão pela qual seu poder de controlar as fadas não era normal. Foi porque era o poder que ele herdou do Conde Cavaleiro Azul... 

 

Portanto, não havia como um mero fairy doctor ser páreo para ele.  

 

― Até ele deveria ter tentado colocar as mãos na espada. Mas, como não foi capaz, o Príncipe deve ter pensado que a espada do Conde Cavaleiro Azul não existia mais. Entretanto, isso está em minhas mãos. Eu, que não tenho poderes mágicos ou qualquer ligação com a família Ashenbert 

 

― Edgar, atrás de você! 

 

A Wyrm moveu a cauda. Edgar, que se virou, evitou enquanto bloqueava com sua espada. A ponta da espada roçou a cauda. Mesmo assim, ela apenas colidiu com a escama dura do Wyrm, e só fez um som como se tivesse sido batido contra uma pedra.  

 

O Wyrm deve ter se assegurado de que Edgar não fosse capaz de extrair o poder da espada, então, curvou o corpo para trás, preparando-se para dar seu próximo ataque. Suas duas patas dianteiras cobertas de unhas afiadas aproximavam-se acima deles. Junto com Lydia, ele correu para floresta com pilares de pedra. As patas dianteiras do Wyrm derrubaram vários pilares.  

 

No momento em que eles se esconderam nas sombras do número infinito de pilares, o Wyrm levantou sua cabeça para procurar os dois que estavam vendo lá do alto.  

 

― Fique escondida.  

 

Edgar estava prestes a sair novamente.  

 

― É impossível, pare já! 

 

― Se eu derrotar isso, você não precisará mais quebrar a rosa com as mãos, certo? Então, você não terá que se colocar em perigo.  

 

― Você morreria.  

 

Lydia tentou desesperadamente agarrar-se ao braço dele. Porém, ele apenas se virou para olhar para ela e não hesitou em sorrir.  

 

― Eu quero fazer com a espada Merrow seja minha. Seria muito arrogante da minha parte desejar me casar com você quando não tenho nada para protegê-la de fadas ou magia, certo? 

 

― Não seja estúpido, mesmo que você não se case comigo, isso não pode ser um problema para você.  

 

O Wyrm os encontrou. Ele abriu bem a boca e foi direto na direção deles. Lydia e Edgar saíram correndo. No entanto, a floresta com pilares de pedra terminou repentinamente e um muro de pedra bloqueou o caminho.  

 

― Há uma caverna logo ali! 

 

Assim que eles entraram, as presas do Wyrm afundaram-se no lugar onde estavam.  

 

― Se eu pudesse encontrar seu ponto fraco. - murmurou Edgar enquanto verificava o lado de fora.  

 

Ela olhou para procurar o corpo do Wyrm, mas não havia sinais de algo assim nele. Como se a Wyrm estivesse tentando desmoronar a caverna que os dois se encontravam, ele bateu o corpo contra a parede de pedra e jogou a cauda coberta de escamas duras para quebrar a rocha.  

 

― A fraqueza é algo que você pode ver e encontrar? 

 

O terremoto foi tão forte e violento que Lydia teve que se sentar.  

 

― A cor da escala pode ser uma cor diferente.  

 

Então, ela se lembrou de algo. 

 

― É isso! A freya! 

 

― Hein? 

 

 ― A freya que Betty tinha era aparentemente necessária para despertar o Wyrm. O que significa que pode estar em algum lugar no corpo do Wyrm 

 

― Entendo. - disse Edgar e começou a pensar em alguma coisa.  

 

― Se fosse tão vermelho, então, deveria se destacar.  

 

Inspecionando-o por enquanto, eles não conseguiram vê-lo em lugar nenhum.  No entanto, não seria tão fácil encontrar uma pedra vermelha do tamanho de uma moeda em todo o corpo monstruoso do Wyrm. E seu estômago e costas eram difíceis de ver.  

 

― Agora que me lembro, ouvi dizer que o Wyrm tem a língua de fogo. Achei que era porque soltou fogo pela boca, mas talvez a freya esteja na língua.  

 

Ela apenas mencionou levemente a possibilidade, mas Edgar assentiu profundamente e se levantou.  

 

― A língua... Então, vou tentar.  

 

― Espere! O que você vai fazer se isso estiver errado? Você será devorado de um só gole.  

 

― Acreditarei que você esteja certa.  

 

― Mas... 

 

Ele se virou para Lydia e pegou uma mecha do seu cabelo e a beijou.  

 

― Lydia, realmente, desejo me casar com você. Este é um teste para isso, então, tenho que ir.  

 

Para Edgar, esse foi um teste que ele mesmo estabeleceu para si.  Já para Lydia, ela não sabia se a vitória contra o Wyrm poderia ser considerada uma prova de amor. Ela apenas pensou que era a lógica de um homem. Mesmo assim, Lydia podia entender que ele estava tentando mudar pelo bem de dela, que tinha uma habilidade diferente dos humanos.  

 

Seu desejo era poder usar a espada Merrow para não tirar vantagem da habilidade de Lydia e protegê-la de verdade. Antes que ela percebesse, Lydia jogou os braços em volta do seu pescoço. Ela ficou na ponta dos pés e pressionou os lábios levemente contra a sua bochecha. Ao mesmo tempo em que lutava para se afastar dele, ficou surpresa consigo mesma e suas bochechas se avermelharam, mas conseguiu dizer: 

 

― ... Não morra! 

 

― ... Obrigado.  

 

Ele não fez piada com ela nem se empolgou, e só disse aquela palavra porque, ele mesmo, ficou extremamente surpreso.  

 

Edgar saiu da caverna pelo lado que dava para o espaço onde Wyrm estava se debatendo.  O Wyrm que notou a precaução ao interromper seu comportamento violento. “Oh, não! A língua é realmente a fraqueza? 

 

Ela estava com tanto medo que não conseguia assistir. Lydia estava próxima de tirar os olhos da cena completamente quando percebeu algo brilhando perto do topo da caverna em que estava. Ela semicerrou os olhos. Era de uma cor verde fraca e parecia algum tipo de broto de grama.  

 

Uma planta? Espere, isso é a rosa?” Ela lançou um rápido olhar para Edgar. O Wyrm estava de pé, pronto para atacar a qualquer momento. Se ela conseguisse rasgar a rosa, então, a magia do Wyrm seria enfraquecida. Seus movimentos deveriam ficar mais lentos e isso deveria ajudar Edgar.  

 

Quando Lydia teve essa ideia, ela correu em direção ao muro de pedra. Ela enrolou a saia, amarrou-a e colocou o pé em uma pedra que estava para fora. Enquanto continuava deslizando e quase caindo, subiu lentamente. Ela desesperadamente estendeu a mão para o botão de rosa que tinha espalhado suas raízes finas pelas fendas das rochas.  

 

Este não era o momento de se preocupar com os espinhos pontiagudos, e quando ela estava prestes a alcançá-los, seu pé perdeu o controle e Lydia caiu rapidamente.  


Nota da tradutora 


Esse é um dos capítulos mais agitados do livro, mas ao mesmo tempo que deixa quentinhos nossos corações! 

Aqui abriu-se o ship Kelpie/Ermine (quem nunca?), Lydgar foi sensacional e digo todos, TODOS os momentos dos dois são fofinhos.  

Simplesmente, adoro quando do nada, ela fica na ponta dos pés, agarra o pescoço dele, beija e diz: Não morra! O berro que dei nessa parte!! Hahahaha 

Quanto ao fato de que Lydia acredita que seja um changeling, é que ela não é parecida nem com pai e nem com a mãe. Eu creio que ela lembra sim a Aurora. Lembrando que é a sua mãe, que faleceu quando ela era muito pequena. Mais para frente, a gente vai entender o porquê ela ter uma conexão tão forte com o Mundo das Fadas e isso vem justamente do sangue de sua mãe.  

Aguarde que o próximo, além de ser um desfecho emocionante, dá margem para algumas teorias.  

Então, é isso! Aproveito para desejar um Feliz Natal e um ótimo Ano-Novo! Beijos!